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sábado, setembro 30, 2006

torre de menagem

Daqui se vêem terras de Monsanto e de Espanha
Aqui se sente o coração de Portugal
Que bate forte ao ritmo serrano

Torre de Menagem do castelo de Castelo Novo, Beira Interior, Portugal


coleccionar com doçura

Coleccionar, juntar e encontrar elos de comunhão entre as peças sempre foi aliciante para o ser humano. O coleccionismo de pacotes de açúcar colocou esse anseio ao alcance de toda a gente. Os pacotes de açúcar dão rosto a pessoas e acontecimentos exemplares na solidariedade, no saber, na afectividade


Um café e um Claudino

O café, a bica como por cá chamamos no sul do País, é o café expresso obtido pela pressão de uma máquina apropriada. Não alimenta mas sabe bem. Manhã cedo constitui um frugal pequeno almoço, não muito ao jeito dos nutricionistas, quando acompanhado por um bolo.

O Claudino é um artefacto de pastelaria, originário da Costa de Caparica, aliás por esse facto, conhecido em Lisboa por “Caparica” ou “Caparicano”. Folhado leve e oblongo em duas partes constituído e recheado de delicioso creme de ovos, ainda reminiscências da colonização da longa costa pelos pescadores de Ílhavo.

A cobertura é uma calda de açúcar, quando fresco do dia, deliciosa e estaladiça e, ainda, polvilhada de açúcar para maior requinte.

Fabricado inicialmente com grande qualidade no Papo Seco e no Costa Nova, já há muitos anos desaparecidos da restauração caparicana, os Claudinos têm hoje em dia o seu expoente máximo na pastelaria do mestre Capote, ali na Rua dos Pescadores.

Se é mesmo para acompanhar um café sem açúcar, com a vantagem de juntar mais um pacote à sua colecção, não deixe de degustar um Claudino miniatura que em duas dentadas já foi. O café de seguida assume paladar único.

sexta-feira, setembro 29, 2006

janela de aldeia serrana

Os filhos da terra migraram para a cidade
Ficaram as casas vazias ao abandono
É a alma de um Povo que se perde

Janela de casa abandonada, em Alpedrinha, Beira Interior, Portugal


vamos construir uma montanha de prata

A ideia nasceu simples como nascem todas as excelentes ideias.

Um dia, não muito longínquo, a Fátima publicou um texto no blogue do CLUPAC em que dava conta da dificuldade que tem, de por si só, “ver-se livre” dos quilos e quilos de açúcar que sobram da árdua tarefa de um coleccionador de pacotes de açúcar ao despejar as saquetas de açúcar que acompanham o “cafézinho” para lhe cortar o amargo de que alguns continuam a gostar.

Sugeria nesse escrito que juntando um quilo de açúcar daqui mais outro dali se conseguisse um saco grande desse desejado e energético alimento que faz os encantos de todos aqueles que não se preocupam excessivamente com dietas, que depois seria oferecido a uma entidade de cariz social.

Ideia simples acompanhada de uma frase de profundo sentido solidário: “Adoçar a vida dos outros”.

O Rui quando leu as palavrinhas da Fátima acendeu todas as luzes da sua imaginação: “Então... porque não aproveitar a realização do PortSugar2006 em Castro Marim e desencadear uma grande acção de solidariedade?

Outras vozes se juntaram ao dueto que já entoava maviosas canções de solidariedade e aquela tão simples ideia transformou-se numa onda imensa, prateada pela doçura do açúcar que irá ser oferecida à Santa Casa da Misericórdia de Vila Real de Santo António.

E agora é ver as “formiguinhas” laboriosas em grande actividade despejando saquetas de 6 ou 7 gramas de açúcar para uma caixa contentora talvez de um quilo, para depois ser despejada para um saco de 20 quilos, e mais outro, e mais outro, e outro ainda...

“Vamos adoçar a vida dos outros!”. O coleccionismo de pacotes de açúcar feito SOLIDARIEDADE... Utilidade Pública pois é com a solidariedade que a PAZ se constrói...


[imagem de R.C.]


Faça a sua oferta de açúcar para fazer crescer a montanha prateada no dia 7 de Outubro de 2006, no Pavilhão Municipal de Castro Marim

quinta-feira, setembro 28, 2006

catavento de leão

O leão é símbolo de força de realeza
Mas como cata-vento de nobre solar
Gira gira ao sabor da brisa da serra

Cata-vento da Casa do Leão, em Alpedrinha, Beira Interior, Portugal


o encanto da blogoesfera

Nestas andanças da blogoesfera somos muitas vezes surpreendidos com encontros inesperados, sempre gratificantes, nesta permanente interactividade, uma das qualidades mais relevantes das tecnologias emergentes.

Muito recentemente recebemos na Oficina das Ideias dois textos em correspondência electrónica que muitos nos sensibilizou. Só por isto vale a pena estar presentes neste amplo espaço blogoesférico.

Da Vitória recebi esta pérola:

“Acabei de tropeçar no seu blog e 'encontrei' o meu pai. Valadas, do hóquei em patins (Sintra e Benfica). Ele está com 83 anos e um pouco delicado de saúde. Vou telefonar-lhe e ler-lhe o seu texto... decerto, irá animá-lo muito. Obrigada mesmo! Vitória”



De um filho que sei ser o orgulho do pai:

“Noutro dia dei por acaso com uma posta sua já com um ano em que se referia a mim e ao meu pai. Imagino que a grande empresa fosse a Sacor, depois Petrogal, hoje Galp Energia. Referi o assunto ao meu pai—que está vivo e felizmente de saúde aos 77 anos—e ele lembrava-se muito bem do Senhor. Como, apesar de utilizador permanente do seu Mac não se liga à net (acha que já não vale a pena…) pediu-me para lhe mandar um abraço. É o que estou a fazer, agradecendo as palavras simpáticas que teve para connosco. Um abraço. A.N.L. (o filho)”

quarta-feira, setembro 27, 2006

fruto mágico

Fruto de reis e de rainhas
Fruto de magos e de fadas
Símbolo de felicidade

Romã fotografada nos Jardins de Valle do Rosal


número um

Hábito antigo de guardar os “número um” das revistas, quantas vezes o “número zero”, acaba por fazer história do que é publicado, dos êxitos editoriais e, igualmente, dos fracassos, mas é sempre registo dos tempos

Office

O desenvolvimento das tecnologias da informação atingiu o seu auge em meados dos anos 90 do século passado, o que se reflectiu no surgimento de inúmeras revistas, a maioria das quais seguindo formatos internacionais onde passaram a ir buscar os textos com temáticas de fundo.

Foi no decorrer dessa “explosão” editorial que surge a revista Office, revista portuguesa do escritório, a dar preponderância a informação de nível nacional, apoiando-se, em especial, no tecido empresarial nacional a que deu muito destaque.

O objectivo desta revista, tal como o seu director J. E. Aparício refere, é o de se dedicar a uma área onde nenhuma outra revista existe, o escritório. Apresentar as novidades do mercado, dar a conhecer os milhares de profissionais que diariamente exercem a sua actividade, sempre com qualidade e coerência editorial.

O N.º 1 da revista Office foi publicado Março de 1996, com o preço de capa de 480$00, tendo como director J. E. Aparício e pertencendo a propriedade a Euroedita. O N.º 1 desta revista teve a tiragem de 20.000 exemplares.




Do conteúdo do Número Um da revista Office salientamos:

Espaços – Europarque
Opinião – Escritório de Ontem, Hoje e Amanhã
Instituição – Câmara dos Revisores Oficiais de Contas
Internet – Um tesouro (ainda) por explorar
Fileme/96

terça-feira, setembro 26, 2006

textos escritos no firmamento

Interpretar o significado das nuvens
No azul do firmamento
Foi desejo dos homens de todas as eras

Nuvens no firmamento de Valle do Rosal

dia europeu das línguas

Comemora-se hoje o Dia Europeu das Línguas muito pouco referenciado nos órgãos de comunicação social com a agenda mais voltada para outras temáticas, quando os sucessivos anúncios feitos pelo Governo da Nação e as notícias em catadupa de falências e deslocalização de empresas com centenas de famílias atingidas pelo espectro do desemprego absorvem os noticiários.

O objectivo da criação do Dia Europeu das Línguas, criado na sequência do êxito do Ano Europeu das Línguas que decorreu no ano de 2001, é o de promover o debate de diversos temas para procurar mostrar como e por que razão o multilinguismo é um dos valores centrais da Europa. Adicionalmente pretende demonstrar como a aprendizagem das línguas permite que as pessoas tenham vidas mais ricas, encarem novas ideias, exercitem a sua mente e beneficiem da diversidade cultural da Europa.

Pretende, igualmente, mostrar que aprender línguas pode ser fácil e acessível e melhorar fortemente as perspectivas de carreira, assim como, vai mostrar que a aprendizagem de uma língua em idade precoce contribui para que as crianças desenvolvam as suas capacidades sociais, conferindo-lhes um dom que perdurará por toda a vida.

As 20 línguas oficiais da União Europeia são:

Alemão, Checo, Dinamarquês, Eslovaco, Esloveno, Espanhol, Estónio, Finlandês, Francês, Grego, Húngaro, Inglês, Italiano, Letão, Lituano, Maltês, Neerlandês, Polaco, Português e Sueco.

segunda-feira, setembro 25, 2006

bela rosa do jardim do pinheirinho

Com as pétalas desta rosa desenhei
Teus belos lábios em tons de salmão e de laranja
Então... com minha língua ternamente os acariciei

rosa de tonalidades salmão e laranja, fotografada no Jardim do Pinheirinho

o mistério e a fantasia

Mitos e lendas, ou simplesmente uma curiosidade, a que o Povo dá dimensão de universal sentir e a Ciência procura a explicação que nem sempre é conseguida


Um relógio “muito complicado”

Quando em relojoaria falamos em “complicações”, não estamos a falar nem em atribulações da vida corrente nem na dificuldade maior ou menor de resolver um problema matemático, estamos, isso sim, a referir-nos a um conjunto de informações fornecidas pelos medidores de tempo, que dependendo ou não da sua contagem, vão muito para além dos segundos, minutos e horas.

Muitas dessas informações resultam de instrumentos de medida, incluídos nos contadores de tempo, mas que com este não apresentam quaisquer relação: A temperatura ambiente, medida por um termómetro metálico centígrado; A humidade relativa, medida por um higrómetro de cabelo; A altitude, medida por um altímetro; A orientação, apoiada na utilização de uma bússola.

Verdadeiras “complicações” de relojoaria, da arte da relojoaria, começam pelo simples calendário, dia e mês, passando pelas fases da Lua, até, por exemplo, à indicação da hora em 125 diferentes cidades do Mundo. A hora do nascimento e do ocaso do Sol em Lisboa, o calendário perpétuo, as estações do ano, os solstícios e equinócios, as estrelas do céu num horizonte de Paris (236 estrelas), de Lisboa (560 estrelas), do Rio de janeiro (611 estrelas).

Estas e muito mais “complicações” fazem parte de um medidor de tempo que durante muitos anos foi considerado o mais complicado relógio do mundo. Levou quatro anos a ser construído manualmente na Fábrica de Relojoaria de Leroy Frères, de Besançon, em França, tendo sido encomendado pelo brasileiro a viver em Portugal, de nome António Augusto de Carvalho Monteiro.

António Monteiro, conhecido popularmente pelo “Monteiro dos Milhões” e pelas costas pelo “caga milhões”, nasceu no Rio de Janeiro em 1850 e morreu em Sintra em 1920. Formou-se em Direito na Universidade de Coimbra e foi colega de curso de Guerra Junqueiro.

Um dos homens mais ricos do reino, foi contemporâneo do rei Dom Carlos, tendo feito a sua enorme fortuna nos negócios do café e das pedras preciosas do Brasil, grande parte da qual foi aplicada nas suas famosas colecções de borboletas, conchas, instrumentos musicais, pratas, mobílias e, obviamente, em relógios.

Adquiriu, em Sintra, a Quinta da Regateira, encarregando o arquitecto Luigi Manini de aí construir um palácio de linhas românticas e iniciático-maçónica, a Mansão Filosofal, citada por diversas escolas iniciáticas.

O famoso relógio “muito complicado” da marca Leroy, com a morte do “Monteiro dos Milhões”, foi comprado primeiramente por um joalheiro português, que o levou a uma exposição em Besançon, cidade onde se situa a Fábrica Leroy. Lèon Leroy, filho do mestre autor da peça, lançou a ideia de uma subscrição pública e, através dela, o relógio passou a figurar no Museu Nacional de Besançon, onde ainda hoje se encontra.



Cf. Público Cronos, de 4 de Maio de 2002

domingo, setembro 24, 2006

neblina matinal

Que mistérios envolve esta neblina?
Que segredos este areal nos oculta?
Que quereres este mar consegue unir?

Manhã cedo na Praia do Sol com o Cabo Espichel ao fundo

geme... geme bem alto teu querer

A minha querida amiga ClaudiaP publicou no seu excelente blogue Tudo ou Nada um poema sensual e erótico que intitulou “Cobre-me...”. Dele extraí esta passagem que muito me sensibilizou:

Geme
mexe
vira de um lado
depois do outro
pega
segura
morde
grita
beija
ama
e por fim derrama
todo teu amor em mim.
E depois?
Só resta sorrir


Não resisti ao atrevimento literário de transformar estes versos em versos um pouco mais longos. Ficou assim o resultado do meu atrevimento, para o qual peço, desde já, a compreensão da Claudinha:

Geme bem alto teu querer
Mexe teu ventre contra o meu com paixão
Vira de um lado e acaricia minhas nádegas
Depois do outro meu tosão de oiro te entrego
Pega fogo com tua língua em meu sedento corpo
Segura tua ânsia somente mais um pouco
Morde meus mamilos negros erectos
Grita bem alto quanto me desejas
Beija meus olhos, minha alma
Ama como sempre quiseste amar
E por fim derrama tua seiva, teu leite, teu mel
Todo teu amor em mim penetra
E depois?
Só resta sorrir

Em negrito "palavras de ClaudiaP"

sábado, setembro 23, 2006

parabéns querido amigo pedro

Que toda a Felicidade que uma coroa de romã augura
Caia sobre ti e tua família
Neste dia que te desejo ensolarado

Coroa de uma Romã do Jardim de Valle do Rosal

preparar tempos de esperança

Às 5 horas e 3 minutos de hoje inicia-se o Outono no hemisfério Norte, quando a noite tem a mesma duração do dia e em que faltam colher 99 dias até ao final do ano. É tempo de conversar com o oceano imenso de azul esverdeado vestido a versejar na espuma criada no beijar da areia doirada.

Estamos a viver o Equinócio de Outono, estação de consolidação para o crescimento e o esquema natural das coisas. Armazenamos os frutos do esforço realizado e procuramos compreender que novas mudanças são necessárias progredir, quando o tempo de renovação chegar. Tempo de vindima que a uva do ano promete vinho de cariz muito especial, destinado a uma excelente “reserva”

Assim como as árvores se libertam das folhas cobrindo o solo de tonalidades castanho e doirado também nós deveremos esquecer comportamentos e atitudes sem utilidade para nos prepararmos para a Primavera da esperança que logo estará a bater à porta.

Nesta terra lusitana, vão imperar as tonalidades castanho e doirado, mas não o ocaso da vida e muito menos a morte da esperança. O Atlântico será estreito para a vontade indomável de povos que se querem bem. No Brasil festejam-se as searas, as flores, o eterno renascer. “Deméter reencontra Perséfone e volta a ser fértil”. Há esperança renovada, porque volta a pairar no ar os sonhos do “Cavaleiro da Esperança”.

Hoje é tempo de Equinócio de Outono que marca o início do afastamento do Sol rumo ao Inverno. O dia e a noite são exactamente iguais, com 12 horas cada. Com ele se dá o início astronómico do Outono. O Sol nasceu precisamente a Leste e o ocaso verifica-se a Oeste. Despertei ainda o sol não dera os primeiros passos, caminhei a madrugada tranquila e vivi a luminosidade duma manhã de Verão. Depois, almocei a tranquilidade de uma esplanada, admirei o oceano profundo cor azul mar e dormi a sesta de uma tarde de Outono.

Não é estranho, pois, que a tradição ocidental associe este momento com o pôr-do-sol. O Equinócio de Outono marca o início do afastamento do Sol rumo ao Inverno. As civilizações solares antigas acreditavam que o Sol morria no entardecer e era ressuscitado no dia seguinte. Durante a Noite, ele cruzava o Reino dos Mortos, levado, segundo os egípcios, em uma barca. Mas a tradição ocidental liga o Equinócio igualmente à água, em especial, à água do mar.

sexta-feira, setembro 22, 2006

estórias registadas na pedra

Cada pedra conta uma estória
Das gentes fortes da Serra
Que belo património nos legaram

Castelo Novo, Serra da Gardunha - Aldeia Histórica Portuguesa

tradição e cultura popular

A tradição resulta da memória colectiva de um Povo, autêntico património invisível que se transmite entre gerações e representa o mais elevado expoente da cultura popular. Aqui se deseja dar conta desse repositório


O calendário nos tempos e nas civilizações

Desde as eras imemoriais que o Homem sempre procurou encontrar formas de contar o tempo que passa. Por simples curiosidade mas, igualmente, com fins utilitários, pois dessas contagem dependia o conhecimento dos ciclos de vida e a prática das funções da agricultura, base de subsistência desde os tempos mais remotos.

Todos os calendários se baseiam nos movimentos aparentes dos dois astros mais brilhantes do firmamento, na perspectiva de quem se encontra na Terra - o Sol e a Lua. A partir desses movimentos se determinam as unidades básicas de tempo: dia, mês e ano.

O dia, cuja noção nasceu do contraste entre a luz solar e a escuridão da noite, é o elemento mais antigo e fundamental do calendário. A observação da periodicidade das fases lunares gerou a noção de mês. E a repetição alternada das estações, que variavam de duas a seis, de acordo com os climas, deu origem ao conceito de ano, estabelecido em função das necessidades da agricultura. O ano é o período de tempo necessário para que a Terra faça uma volta completa em redor do Sol - cerca de 365 dias e seis horas. Esse número fraccionário exige que se intercale, periodicamente, dias, a fim de fazer com que os calendários coincidam com as estações do ano. No calendário gregoriano, usado na maior parte do mundo, um ano comum compreende 365 dias, mas a cada quatro anos há um ano de 366 dias - o chamado ano bissexto, em que o mês de Fevereiro passa a ter 29 dias. São bissextos os anos cujo milésimo é divisível por quatro, com excepção dos anos de fim de século cujo milésimo não seja divisível por 400. Assim, por exemplo, o ano de 1900 não é bissexto, ao contrário do ano 2000.

Do ponto de vista astronómico os calendários podem agrupar-se em: calendários siderais, calendários lunares, calendários solares e calendários lunisolares. Calendário sideral é aquele que é baseado no retorno periódico de uma estrela ou constelação a determinada posição na configuração celeste. O calendário lunar tem como base o movimento da Lua em torno da Terra, isto é, o mês lunar sinódico, que é o intervalo de tempo entre duas conjugações da Lua e do Sol. O calendário solar segue unicamente o curso aparente do Sol, fazendo coincidir, com maior ou menor precisão, o ano solar com o civil, de forma que as estações recaiam todos os anos nas mesmas datas. O calendário lunissolar baseia-se no mês lunar, mas procura fazer concordar o ano lunar com o solar, por meio da intercalação periódica de um mês a mais.

Por razões religiosas e históricas diversos calendários especiais foram sendo criados com o decorrer dos tempos, de entre os quais damos aqui alguns exemplos: Calendário Maia, calendário hebraico, calendário muçulmano e o calendário revolucionário francês.

O calendário mais bem elaborado das antigas civilizações pré-colombianas foi o Maia, e do qual deriva o calendário Asteca. Tanto um como o outro tinham um calendário religioso de 260 dias, com 13 meses de vinte dias e um calendário solar de 365 dias.

Os judeus não adoptaram o calendário Juliano, em grande parte para que sua Páscoa não coincidisse com a cristã. O ano israelita civil tem 353, 354 ou 355 dias; seus 12 meses são de 29 ou trinta dias. O ano intercalado tem 383, 384 ou 385 dias. O calendário hebraico introduziu pela primeira vez a semana de sete dias, divisão que seria adoptada em calendários posteriores. É possível que sua origem esteja associada ao carácter sagrado do número sete.

A civilização islâmica adoptou o calendário lunar. Neste calendário o ano se divide em 12 meses de 29 ou trinta dias, de forma que o ano tem 354 dias. Como o mês sinódico não tem exactamente 29,5 dias, mas 29,5306 dias, é necessário fazer algumas correcções para adaptar o ano ao ciclo lunar.

Um caso muito singular é o do calendário republicano, instituído pela revolução francesa em 1793, e que tinha como data inicial o dia 22 de novembro de 1792, data em que foi instaurada a República. Pretendia substituir o calendário gregoriano e tornar-se universal.

Hoje é o Dia do Calendário (segundo O Verdadeiro Almanaque Borda d’Água – repertório útil para toda a gente)


Para leitura de um estudo mais completo sobre “calendários” consultar A História do Calendário

quinta-feira, setembro 21, 2006

pela paz


hoje é o "dia internacional da paz"

Em 1981 a Assembleia Geral das Nações Unidas definiu que o dia da abertura da sessão ordinária do funcionamento das secções da Assembleia Geral “seria proclamado e observado como Dia Internacional da Paz e seria dedicado a comemorar e fortalecer os ideais da Paz em cada nação, por cada povo e entre eles”.

Na mensagem emitida para a comemoração do Dia, em Setembro de 1998 o Secretario Geral pediu: “a todos os líderes das nações em guerras que deixassem de lado suas próprias ambições e que pensassem no seu povo, que resistissem à tentação de buscar a glória por meio das conquistas e que reconhecessem que a capacidade de governar pacificamente, por si mesmo, traria para eles e seus povos as recompensas que merecem”.

Foi estabelecido que o Dia Internacional da Paz seria comemorado a 21 de Setembro de cada ano.

Não existe maior hipocrisia do que afirmar estes pressupostos quando as grandes potências mundiais que fazem parte das Nações Unidas e muitas integram, inclusive, o Conselho de Segurança, defendem a realização da guerra para atingirem a Paz.

Actualmente já nem sequer é recordado que em 1981 o dia de hoje foi designado DIA INTERNACIONAL DA PAZ.


MENSAGEM DO SECRETÁRIO-GERAL DA ONU,
KOFI ANNAN,
POR OCASIÃO DO
DIA INTERNACIONAL DA PAZ
21 de Setembro de 2006


Fonte: Centro Regional de Informação da ONU em Bruxelas – RUNIC

"Queridos Amigos:

Para alguns de nós, a paz é uma realidade quotidiana. As nossas ruas são seguras e os nossos filhos vão à escola. Quando o tecido social é sólido, os preciosos dons da paz quase passam despercebidos.

Mas, para um número demasiado elevado de pessoas, no mundo de hoje, esses dons não passam de um sonho irrealizável. Vivem prisioneiras da insegurança e do medo. Estes são a principal razão de ser deste Dia.

Há vinte e cinco anos, a Assembleia Geral proclamou o Dia internacional da Paz, como um dia de cessar-fogo e de não violência em todo o mundo. Desde então, a ONU tem celebrado este dia, cuja finalidade não é apenas que as pessoas pensem na paz, mas sim que façam também algo a favor da paz.

Contudo, neste dia, tal como nos outros 364 dias do ano, a violência continua a ceifar vidas inocentes. E, nas últimas semanas, assistimos a uma nova escalada trágica de conflitos em várias regiões do mundo.

A Organização das Nações Unidas trabalha em prol da paz de muitas maneiras. Estamos a fazer tudo o que está ao nosso alcance para impedir que continue a haver derramamento de sangue. E conseguimos alguns resultados.

Os Estados prestam agora mais atenção à diplomacia preventiva. As missões de manutenção da paz e o nosso trabalho de apoio e promoção dos direitos humanos estão a ter um efeito positivo. Os cidadãos de todo o mundo, homens e mulheres de todas as sociedades, esforçam-se cada vez mais por atenuar o sofrimento e erguer pontes entre pessoas de crenças e culturas diferentes.

De fato, actualmente, há menos guerras do que nas décadas passadas, embora o seu número continue a ser demasiado elevado. Cada vítima de um conflito representa um fracasso que relembra que há ainda muito a fazer.

É neste espírito que peço a todos, em todo o mundo, que observem, hoje, um minuto de silêncio em nome da paz. Recordemos as vítimas da guerra e, sempre que possamos influenciar o rumo das coisas, comprometamo-nos a intensificar os nossos esforços para alcançar uma paz duradoura.
"

quarta-feira, setembro 20, 2006

para lá da cova da beira

Para lá da Cova da Beira ficam os Montes Hermínios
Terras de Lusitanos, alma de Viriato
Na dureza do granito a doçura das cerejas

Cova da Beira e Serra da Estrela vistas da Serra da Gardunha

coleccionar com doçura

Coleccionar, juntar e encontrar elos de comunhão entre as peças sempre foi aliciante para o ser humano. O coleccionismo de pacotes de açúcar colocou esse anseio ao alcance de toda a gente. Os pacotes de açúcar dão rosto a pessoas e acontecimentos exemplares na solidariedade, no saber, na afectividade


Quatro anos de uma vivência feliz

Passaram quatro anos desde que um punhado de homens, não por coincidência coleccionadores de pacotes de açúcar, fizeram uma inesperada descoberta e tiveram uma determinante visão: descobriram que não se encontravam isolados nessa estranha paixão de coleccionar pacotes de açúcar; tiveram a visão de que se unissem os seus esforços, aquilo que parecia ser uma actividade individualista passaria a ser um motor de colectivismo e de crescimento.

Fundaram um clube, uma associação, a que deram o nome de CLUPAC, Clube Português de Coleccionadores de Pacotes de Açúcar.

O desejo grande de transformar o gosto de coleccionar na arte de fazer amigos levou à concretização de encontros pessoais para troca de pacotes de açúcar e de saberes adquiridos, com a participação de pessoas que haviam passado anos e anos de solitário entretenimento. O Mundo do coleccionismo abria-se e estava à mão de cada um.

Realiza-se o primeiro PortSugar, amplo espaço de trocas de pacotes de açúcar.

Curiosamente, sabiam o valor de todas as peças que tinham na sua colecção e ignoravam o preço de transacção das mesmas. Quando não conseguiam fazer trocas ofereciam as peças repetidas. O negócio andava afastado de todo este desenvolvimento do coleccionismo de pacotes de açúcar.

Cumpria-se uma missão de verdadeira Utilidade Pública.

Pouco a pouco, com o passar do tempo, foram descobrindo que em cada cidade, vila, aldeia, nos lugares mais recônditos de Portugal, existia um coleccionador de pacotes de açúcar. Quantas localidades não foram colocadas no mapa por esse facto mesmo? Portugal transformou-se numa ampla imagem de açucaradas pessoas.

O número de Associados do CLUPAC cresce de forma exponencial.

Envolvidos nesta dinâmica de ocupação de tempos livres foram, igualmente, os mais novos. Uma simples exposição de quadros com pacote de açúcar, hoje em dia já com a dimensão e organização que a classifica de “excelente exposição”, a “Viagem do Açúcar” percorre o País e coloca este mundo aliciante do coleccionismo no coração da criançada. E mais uns tantos iniciam a sua colecção que lhes vai ocupar algum do seu tempo livre afastando-os de actividades por vezes nefastas.

A “Viagem do Açúcar” está patente em espaços comerciais, escolas, bibliotecas, colectividades.

São as escolas, são as entidades autárquicas, recreativas e cívicas que solicitam a presença dessa exposição. O coleccionismo de pacotes de açúcar passa a ser uma actividade reconhecida e dignificada. Os média dão lugar à divulgação desta actividade. Os produtores de pacotes de açúcar passam a cuidar mais do aspecto gráfico e do conteúdo desses pequenos rectângulos de papel.

Quatro anos representa os primeiros passos de uma longa caminhada...

terça-feira, setembro 19, 2006

agreste de grande beleza

Pedra sobre pedra assim o tempo as colocou
Calçada testemunha de heróicos tempos e feitos
Das gentes da Estrela e da Gardunha

Pedregulhos da serra de Alcongosta (Serra da Gardunha)

espaço de poetar

Não sou poeta inspirado nem sequer sei construir rimas de espantar. Juntando algumas palavras , dando-lhe sentido e afecto, procuro nelas o encantamento


O fumo desfez-se na Imaginação

Tirou mais uma fumaça
Do cigarro que já lhe amargava a boca.

Na ténue nuvem cinza
Moldou-se imaginação...
Corpo querido, de muito amado
Que nas mãos quis recolher
Em doce carícia.

Olhou então as mãos
Marcadas do viver.

Crispadas sem génio.

O fumo desfez-se
Na imaginação.

segunda-feira, setembro 18, 2006

dádivas da natureza

Os picos aguçados do ouriço de castanheiro
Protejem deliciosos frutos de suave paladar
Contrastes da fertilidade da Natureza

Ouriço de castanheiro da serra de Alcongosta (Serra da Gardunha)

a minha opinião

O pessoal da Oficina está atento à actualidade política e social de Portugal e do Mundo. Aqui partilham o seu pensar através da minha análise modesta mas interessada


No último dia do Século passado eu escrevia:

Vivi cerca de três quintos do Século que hoje termina. Vivi tempos de silêncios e de medos e tempos de Liberdade e de esperança. O Homem soube criar todas as condições para ser feliz. Deu passos de gigante no desenvolvimento de tecnologias para o servirem, no conhecimento do Mundo que o rodeia, no conhecimento do seu próprio funcionamento intrínseco.

Não deu um único passo para ser, verdadeiramente, feliz.

Não pode ser feliz o abastado e poderoso, cuja abastança e poder são conseguidos à custa de que outros seres humanos sejam cada vez mais pobres e humilhados. Não pode ser feliz o homem que cria cada vez melhores meios de comunicação e onde a incomunicação entre as pessoas é cada vez maior. Não pode ser feliz o homem que desenvolve cada vez mais os métodos para tratamento das doenças e que permite que milhões de seus semelhantes em África sofram atrozmente com a falta dos mais simples medicamentos. Não pode ser feliz o homem que desenvolve a tecnologia para o serviço do bem estar a níveis até há pouco insuspeitados e que permite que milhões de outros homens vivam e morram na maior carência alimentar.

O homem novo para um novo Mundo ainda não existe e ele é a única solução para todos estes problemas. Um Homem Solidário, para a globalização da Solidariedade.


Um ano depois, no final de 2001, comentava assim uma Estória Verdadeira:

Solidariedade Sempre! Na primeira linha, contem comigo, com as minhas modestas forças. Força de quem está fora mas sempre “por dentro” numa problemática que muito já me afectou. Contem comigo.

Mas vamos pensar...
Qual tem sido a nossa contribuição para que as coisas assim não estejam?
Pela positiva...
Qual tem sido a nossa contribuição para que as coisas mudem?
Têm nos tirado muito do que conquistámos com muito ardor e querer... Ainda possuímos a força que o voto nos dá...

A globalização económica, a globalização do lucro... se não estivermos atentos globaliza os quereres e os sentires... mas ela é subscrita na hora da verdade pelo voto que ainda não nos foi retirado... e não estarão a preparar que com o nosso voto deixemos de poder votar?

Primeiro, na luta pelo progresso da nossa carreira... Depois, na luta entre pares... Depois, pactuar com o consumismo que nos empenha... Não estamos a vender a alma ao diabo?

Solidariedade sempre! É urgente lutar pela globalização da solidariedade, contra a globalização económica. Os ácaros morrem quando lhes falta o lixo.

domingo, setembro 17, 2006

cumplicidade de gerações

Comunicam de terra em terra, de serra em serra
Ao som dos bombos, dos tambores e dos pífaros
O gado vai descer da serrania para o povoado

Zabumbas de Alpedrinha percorrem a zona histórica da vila

festejar a transumância

Pelos “caminhos da transumância”, em terras da Cova da Beira, vale amplo e profundo “encravado” entres as serras da Estrela e da Gardunha, fossilizado de glaciares de milhões de anos, milhares de forasteiros vêm receber a partilha das gentes da terra, das suas louvações e das suas festas pagãs, dedicadas ao Equinócio de Outono, tempo de recolhimento e de renovação.


Festeja-se agora a caminhada descendente com muita música e animação. Momentos mágicos, evocações dos sons e dos sentires de outras épocas, são vividos quando rua abaixo se deslocam os chocalheiros, os zabumbas, as gaitas de foles. Mais intimista o som das concertinas.


Lado a lado, como desde os tempos imemoriais, o religioso e o pagão comungam do mesmo sentir sob o “olhar” atento do património construído que o clero e o Povo partilham nestes momentos únicos de vivência.


Chocalhos 2006 - Festa da Transumância de Alpedrinha, realizou-se nos dias 16, 17 e 18 de Setembro de 2006

sábado, setembro 16, 2006

uma flor para... a marília

Marília tem olhos doces
Procura no saber o seu Futuro
Mil felicidades minha querida

Marília festejou o seu Aniversário no passado dia 13 de Setembro

tradição e cultura popular

A tradição resulta da memória colectiva de um Povo, autêntico património invisível que se transmite entre gerações e representa o mais elevado expoente da cultura popular. Aqui se deseja dar conta desse repositório


Os Caminhos da Transumância

Amanhã começam a descer os rebanhos de ovelhas desde a serra até ao povoado, passada que foi a sua caminhada pelo alto das serranias onde os pastos verdejaram em tempo de estio, contrastando com o sequeiro das terras baixas.

Vão a partir de agora, por algum tempo, tanto quanto as condições climatéricas o exigirem, ficarem confinados nos redis onde se alimentaram com as chamadas “forragens de Inverno”. É tempo de descanso dos pastores e dos cães de pastoreio, das suas longas caminhadas na serra agreste.

Já hoje se festeja os tempos que se aproximam. Pelos “caminhos da transumância” milhares de forasteiros vêm receber a partilha das gentes da terra, das suas louvações e das suas festas pagãs, dedicadas ao Equinócio de Outono, tempo de recolhimento, dos medos e da incerteza da escuridão dos tempos.

Viajámos até Alpedrinha, no concelho do Fundão, onde os movimentos de transumância ainda são notórios. Tomam o sentido ascendente quando por alturas do S. João, em tempo do Solstício de Verão, se deslocam desde a Cova da Beira para os pastos das Serras da Gardunha e da Estrela.

Festeja-se agora a caminhada descendente, tempos de Equinócio de Outono, antecipado de alguns dias como é da tradição respeitando calendários de antanho, juntando o pagão ao religioso como é próprio do Povo.

Nas ruas estreitas, empedradas e irregulares, o ritmo do gado ovelhum em transumância é marcado pelos chocalheiros, com seus enormes chocalhos pendurados à tiracolo, não faltando o “homem dos guizos” que os cães de pastoreio da serra usam para assinalarem a sua presença.

Além da função prática das transumâncias na obtenção de alimentação fresca para os gados, dela sempre resultou, desde tempos imemoriais, a união entre gentes e culturas que hoje se reconstitui entre os presentes nos festejos oriundos de diversas regiões do País e de muitas partes do Mundo. É o reencontro dos próprios filhos da terra que há muitos partiram em migrações de procura de uma vida melhor.

Momentos mágicos, evocações dos sons e dos sentires de outras épocas, são vividos quando rua abaixo se deslocam os chocalheiros, os zabumbas e outros executantes de sonoridades da transumância: pífaros, gaitas de foles, bumbos de pele...

sexta-feira, setembro 15, 2006

espraiar de tonalidades de prata

Mar azul, doirado areal
O espraiar suaves das ondas
Deixa marcas de prata lavrada em arabescos

Praia do Sol, com o Cabo Espichel ao fundo - Portugal

novos indicadores de leitura

Um dos maiores aliciantes que o pessoal da Oficina das Ideias encontrou na blogoesfera foi a possibilidade de cruzar visitas sobre temas do seu agrado, com blogues preocupados com a partilha do saber, com a defesa dos patrimónios natural e construído, muito em especial, o património imaterial.

Por outro lado existe sempre a preocupação de visitar e recomendar a visita a todos os blogues que além de nos visitarem nos dão a honra de deixar um comentário construtivo, que muito ajuda a nossa inspiração e o enriquecimento do nosso trabalho.

Vamos acrescentar à nossa lista de “indicadores de leitura” os seguintes blogues companheiros desta viagem:

Páginas de Uma Lua, de Tania Mac – "Esta é a minha Vida"
Coisas de Nada, de Natércia – “porque, como nos conta o poeta, a vida é feita de pequenos nadas”
Gom@ Nosiv@, de Gonçalo
Kontrastes, de João Ferreira Dias – “Afixações Proibidas sobre Média Cidadania Cultura Religião Desporto”
MaisQueLagosta, de PortuguêsSuave – “Clube dos que gostam mais de... do que de lagosta”

quinta-feira, setembro 14, 2006

um manjar da mata selvagem

Na mata agreste do topo da arriba
Onde o vento sopra vindo do longe
Pequenas bagas, suaves cheiros e sabores

Camarinhas, Mata dos Medos, Área Protegida da Arriba Fóssil de Costa de Caparica - Portugal

minha terra é meu sentir

Caparica mais do que uma terra é um Povo. Gente que construiu vida entre o mar e a floresta em diversificado labor. Da sua vivência aqui se regista testemunho


Corvídeos do Pinhal

Dois vultos negros contrastam com o azul celeste da aurora, num voo suave ritmado com destino certo. Asas longas bem desenhadas com recortes característicos nas extremidades, contrapõe-se aos corpos esguios elegantes.

Vindos das matas do Pinhal do Rei e da Mata dos Medos, têm como destino uma zona de denso arvoredo, logo ali à beira dos areeiros do Cruzeiro.

Hoje são um par, um casal de família constituída. Amanhã voarão em trio, como acontece as mais das vezes, cujo sentido encontrei numa deliciosa crónica da autoria de Affonso Romano de Sant’Anna, no seu livro A Mulher Madura.

Entre os corvos que acontece uma relação triangular, pois quando se verifica a carência de macho, as fêmeas ritualizam entre si o acto do amor, cortejando-se e seduzindo-se mutuamente até que uma das fêmeas passa a exercer o papel masculino. Fruto desse amor a outra fêmea choca os ovos, que por serem estéreis não resultam. Mas o romance não termina aí. Quando surge o macho, mesmo que atrasado, e começa a namorar uma das fêmeas já em estado de acasalamento “homossexual”, não conseguirá desligar as duas amadas. Terá que compor com elas um menage à trois, tendo que cuidar das duas ninhadas.

O macho voou agora até ao ponto mais alto de Valle de Rosal, o telhado de uma casa construída num outeiro. Voo sem hesitação e ao pousar lançou um primeiro som forte, estridente, metálico. Este som, um chamamento matinal, serve para dar indicação à fêmea de onde se encontra. A sua posição sobranceira ao vale garante-lhe uma visão ampla e plena para toda a região.

Lá mais para a Primavera e mesmo em pleno Verão o trio formará a constituição do voo. Não resisto a uma saudação de amizade a estes amigos de longa data. Voltem sempre que adoro observar o vosso voo.

Nota: pela mão gentil da minha amiga Cathy, do Bailar das Letras, o livro de Affonso Sant’Anna veio enriquecer a minha biblioteca.

quarta-feira, setembro 13, 2006

em família vigilantes

Nos troncos dos pinheiros estruturam vigilância
Os corvídeos do pinhal
Agregado familiar típico, em trio

Corvídeos do pinhal, Mata dos Medos, Área Protegida da Arriba Fóssil de Costa de Caparica - Portugal

as catástrofes de inverno previnem-se no verão

O Verão aproxima-se do seu ocaso, anunciam-se tempos de chuvas, quiçá de tempestades. No dizer das entidades oficiais terminou a época dos fogos. Ou será das “ignições”? Palavra da nova moda dos falares governamentais. E o que se fez para prevenir os efeitos das enxurradas, dos temporais que se aproximam?

Já lá vão mais de vinte anos que, numa deslocação que realizei à Ilha da Madeira, tive a oportunidade de visitar os Serviços Regionais da Protecção Civil que há época se localizavam no Parque das Magnólias em pleno coração da cidade do Funchal.

Das longas conversas que mantive com o responsável destes serviços sempre recordo o cuidado com que eram estudados os dados regularmente recebidos dos postos meteorológicos instalados na serra e considerados vitais para o estabelecimento das medidas de vigilância e prevenção contra os fogos florestais.

Na realidade sentia-se existir uma preocupação acrescida relativamente ao valor incalculável do património natural da serra que havia que preservar a todo o custo. Nesse sentido os dados observados e as previsões respeitantes às temperaturas e à humidade relativa determinavam as medidas a tomar a cada momento.

Vinte anos passados somos surpreendidos pelas notícias, escamoteadas durante algum tempo e agora tornadas públicas, de que o serviço Nacional de Bombeiros e Protecção Civil (SNBPC) fez orelhas moucas aos sucessivos alertas dados pelo Instituto de Meteorologia quanto à situação previsível de agravamento das condições climatéricas que potenciariam a verificação de fogos florestais.

Quer queiramos quer não, pese as verbas despendidas pelo SNBPC, estes serviços não funcionam, nada coordenam, respondem tardiamente e mantêm-se no alto da sua incompetência e inépcia defendendo os seus “patrões”.

Não fora os serviços Municipais de Protecção Civil, dependentes das autarquias e o sofrimento das populações seria bem maior. É o Poder Local, considerando aqui também o trabalho abnegado dos BOMBEIROS que ainda resolve os problemas deste País. É esse Poder Local que sofre sucessivos ataques à sua independência financeira que resultarão na redução da operacionalidade.

Neste País as pérolas continuam a ser dadas aos porcos, sem ofensa para os bácoros e outros animais.

terça-feira, setembro 12, 2006

tonalidades de outono

No Outono as flores têm tons pastel
Suavizam os sentires
De quem muito quer com afecto

Açucenas peruanas, do Jardim de Valle do Rosal

espaço de poetar

Não sou poeta inspirado nem sequer sei construir rimas de espantar. Juntando algumas palavras , dando-lhe sentido e afecto, procuro nelas o encantamento


No Outono floriu uma rosa

No Outono floriu uma rosa no jardim.
A mais bela e suave entre todas elas
Com tonalidades raras de cor carmim
As pétalas maravilhosas e muito belas.

O muito querer contrariou a Natureza.
O Outono é agora luminosa Primavera
No sentir dos amantes brilha a certeza
O sonho é a realidade de quem espera.

Olhos de mel, sensuais lábios de carmim
Desenho com as pétalas frescas e suaves
Artista inspirado em teu corpo sensual
Do profundo sentir esplendoroso festim.

Com tamanho esplendor e divinal beleza
Sonhei espaços infinitos, sublime sentir
Pétalas esvoaçam ao vento com leveza
Quais suaves beijos que iluminam o devir.

segunda-feira, setembro 11, 2006

suavidade e harmonia

A suavidade das flores do cacto
Contrastam com os picos que o defendem
Harmonia da Natureza

Flor do cacto Echiniposis, do Jardim de Valle do Rosal

a minha opinião

O pessoal da Oficina está atento à actualidade política e social de Portugal e do Mundo. Aqui partilham o seu pensar através da minha análise modesta mas interessada


Que fique bem claro... sou frontalmente contra o terrorismo!

Contra o terrorismo que sacrifica pessoas e países que vivem a sua vida tranquilamente e que são mortas ou estropiadas pelas forças do terror e do poder desenfreado, pela barbárie.

Mas, igualmente, contra o terrorismo económico e social com que as grandes potências mundiais pretendem subjugar os mais débeis aos seus desígnios expansionistas e de controlo da Humanidade.

Agora...

Os média internacionais controlados e subjugados pelo poder económico globalizado trouxeram de novo para a ribalta da informação de grande penetração social os acontecimentos do trágico 11 de Setembro de 2001, agora que passam cinco anos sobre o acontecido.

Da mesma forma, os canais televisivos nacionais afinaram pelo mesmo diapasão e dedicam amplo espaço das suas programações a esta “comemoração”. Forçam nos textos e no discurso algumas ideias de base que internacionalmente tentam ser “passadas”: “Desde 11 de Setembro nada mais é como antes”; “as populações têm medo do terrorismo”; “há que liquidar seja a que preço for a origem do terrorismo”; “os americanos são os garantes da paz”.

É curioso... a produção do programa da manhã da TVI descobriu um autêntico “furo” televisivo, um português que por desígnios do destino fintou o andar dos acontecimentos não tendo viajado para os “States” no avião que o levaria à morte mas num outro voo que chegou bem ao seu destino.

Homem com muitas histórias para contar. Um verdadeiro achado... O apresentador de serviço lá tentou empurrá-lo para o discurso que hoje está a ser jogado nos órgãos de comunicação social. De entre as muitas afirmações que não agradaram de modo algum ao entrevistador fixei, para que constem, estas:

“Mas terrorismo? Terrorismo já existia antes do 11 de Setembro... que o digam os espanhóis, os árabes e os israelitas, os povos de África...”

“Se por cada desgraça de grandes dimensões que acontecem no Mundo comemorássemos o quinto aniversário estaríamos sempre em festa (sic)”

“Os americanos que foram aconselhados a ficarem nos andares baixos, normalmente utilizados como casinos, não deixaram de jogar. Lá iam deitando o olho para os televisores e dizendo “que desgraça!”, mas continuavam a jogar”

Bom... fiquemos por aqui!

Talvez não venha a propósito, mas a verdade é que parece terem sido estabelecidas tréguas dos órgãos de comunicação social e das agendas dos governos quanto aos acontecimentos do Iraque, do Líbano, da Palestina, de Timor, dos voos da CIA... Facto menor, o facto do ministro da economia, o mesmo que é dono da casa onde viveu Almeida Garret em Lisboa, ter sido “caçado” pela Brigada de Trânsito a 212 quilómetros por hora, o agente o ter cumprimentado e mandado seguir, multando os restantes utentes que igualmente seguiam em transgressão.

Será que se deverá considerar um acto de terrorismo um Ministro deslocar-se a uma velocidade que põe em risco a vida de todos nós?

domingo, setembro 10, 2006

generoso vinho

O Antoninho vende o vinho
De uva feito, das vinhas da Charneca
Nos tempos dos reis e das rainhas

Painel de azulejos nos jardins do Solar dos Zagallos, Sobreda (Almada) Portugal

coleccionar com doçura

Coleccionar, juntar e encontrar elos de comunhão entre as peças sempre foi aliciante para o ser humano. O coleccionismo de pacotes de açúcar colocou esse anseio ao alcance de toda a gente. Os pacotes de açúcar dão rosto a pessoas e acontecimentos exemplares na solidariedade, no saber, na afectividade


Café de saco em copo de vidro

Naquele tempo era raro ver entrar uma mulher no bar que tradicionalmente era reservado aos homens. Por nenhuma razão especial, tão somente pela tradição “importada” da conservadora Albion que naquele bar se acoitara em tempo de guerra, usando da “neutralidade” deste Portugal esquecido e isolado no extremo ocidental da Europa.

Estamos no British Bar, na zona ribeirinha do Tejo, no cais do Sodré.

_Ó Silva, por favor traz dois cafés, um é de saco em copo de vidro, e dois especiais com gelo!

O café de saco em copo de vidro grosso e lapidado ao jeito de a mão pegar e o “especial”, digestivo cuja composição é mantida no segredo pelos proprietários do bar, mas com capacidade para provocar fortes efeitos na libertação do espírito e na inspiração de artistas e de poetas.

O saudoso escritor José Cardoso Pires era cliente habitual deste ritual de anos vividos.

Enquanto observávamos os pacotes de açúcar com “puzzels” fazendo parte de uma série que anos mais tarde iriam fazer as delícias dos coleccionadores, abrem-se as portas de batente que desde a rua dão acesso ao bar e entra o senhor Carlos, o cauteleiro, “amanhã anda a roda, só não sai a quem não joga”, conhecido e respeitado no Cais do Sodré, o “marrequinho”, amuleto das prostitutas do Texas Bar e de outros do mesmo tipo de clientela da zona, que nele depositavam a esperança de um dia deixarem “esta vida”.

O senhor Carlos dirige-se à “mesa dos espiões” onde nos encontramos sentados. Situada no canto mais discreto do British Bar, contam os mais velhos que no tempo da Guerra (II Grande Guerra Mundial) nesta mesa se encontravam, sabe-se lá com que secretos desígnios, os chefões locais da espionagem da Alemanha e da Inglaterra, este último a jogar em casa. A “casa” o seu antagonista situava-se um pouco mais acima, na Rua do Alecrim, a Cervejaria Alemã.

O senhor Carlos “cortou” para o meu amigo Pedro um “número certo”, para mim um qualquer desde que terminado em 9. Actos irrelevantes pois a “roda” somente anda amanhã.

Saímos... uma última olhadela para os pacotinhos de açúcar que trazíamos connosco...


sábado, setembro 09, 2006

moinho de poço

No passado importante avanço tecnológico
Elevava nas alturas a água pura do poço
Distribuía por gravidade, água fresca

Moinho de poço do Solar dos Zagallos, Sobreda (Almada) Portugal

a “cerveja do papa” e o papa das cervejas pretas

A partir de hoje a Baviera recebe a visita do Papa Bento XVI numa viagem que pretende reavivar o catolicismo na Alemanha, muito embora muitos alemães vejam com cepticismo os resultados desta diligência. A infância e a juventude de Joseph Ratzinger encontra-se ligada a esta região do sul da Alemanha onde, aliás, foi arcebispo em Munique entre 1977 e 1982.

O negócio das recordações acompanha intensamente esta visita, como tantas outras, estando previsto o lançamento na venda ao público de t-shirts, pratos, copos, canecas, jogos de cartas e dezenas de outras peças de comercialização fácil ostentando imagens do Papa e símbolos do Vaticano.

Como não poderia deixar de ser na região da Baviera vai ser lançada uma cerveja de fabrico especial a “cerveja do Papa” (Papst bier) que vai poder ser degustada por centenas de milhares de pessoas. O fabricante da marca Weidenerder anuncia a referida cerveja como sendo uma “homenagem ao filho grande” da Alemanha e como uma “cerveja de festa de óptima qualidade”.

A propósito vem aquela estória que a tradição faz perdurar acerca dos monges da Baviera que criaram a cerveja preta a que chamavam “pão líquido” e que usavam e abusavam da sua ingestão, donde resultavam tremendas bebedeiras (que Deus lhes perdoe!!!!).

Tendo este facto chegado ao conhecimento do Papa quis saber que líquido seria esse, pelo que ordenou que lhe fosse enviada uma amostra para sua apreciação, o que foi prontamente cumprido sendo que foram enviados barris do referido líquido por esses caminhos da Europa fora, com os meios de transporte à época existentes.

Quando os barris da cerveja preta chegaram ao Papa, meses de viagem turbulenta, ia tão azeda que ele ao prová-la ordenou, de imediato, que fosse tomada como penitência. Nunca mais faltou arrependimento dos pecados cometidos para que a penitência fosse duramente aplicada.

sexta-feira, setembro 08, 2006

etiquetadas 2

O primeiro desafio para que criasse as minhas própria etiquetas chegou-me pela mão da minha amoramiga Jacky, do Amorizade, ao qual procurei responder com um texto que na ocasião publiquei na Oficina das Ideias (22 de Agosto de 2006).

Passado algum tempo um outro desafio muito aliciante que me foi enviado pela minha querida amiga CláudiaP, do Tudo ou Nada.

Então, na Oficina das Ideias procurámos juntar aos referidos texto imagens “etiquetadas”. Aqui fica a nossa resposta, com muito afecto, às queridas Jacky e Cláudia.


Sou um “homem sem sono”, adoro a Lua

Não tenho insónias, pois quando durmo faço-o “como uma pedra”. Simplesmente, repouso física e mentalmente num número reduzido de horas. Nos meus 30 anos vinte horas era tempo repartido entre trabalho, tarefas associativas e relacionadas com o pós-25 de Abril.

Sou um ancião assumido, adoro um bonito corpo de mulher

Não sou sábio, nem conservador. Gosto de aprender todos os dias e lamento muito o tempo que perdi sem nada aprender. Não sou preconceituoso nem afectado de pudor. A vida ensinou-me a ser atrevido e respeitador.

Sou um reformado sem tempo livre, adoro a liberdade dos melros

Sempre pensei que a reforma me transformaria num “jogador de sueca no jardim”. Nunca mais parei em milhares de actividades, como hoje se diz, “voluntárias”. Vivo exclusivamente da reforma da Segurança Social.

Sou um apaixonado pela fotografia, adoro flores no jardim

Fotografo desde os 12 anos, estou a comemorar os “50 anos de carreira”, e continuo a ser um fotógrafo medíocre. Limito-me a recolher imagens de belas obras pelo homem construídas e, muito em especial, dos “trabalhos” artísticas da Natureza.

Sou amante da obra do arquitecto catalão Gaudi, adoro o voo da gaivota

Visito sempre que possível locais onde a sua obra pode ser apreciada. Perco-me na Sagrada Família, em Barcelona. Tenho tatuado no meu braço esquerdo um desenho que obtive a partir de um azulejo deste arquitecto a que chamo “Sol de Gaudi”.

Sou um “amoramigo” da minha querida Jacky, adoro o afecto da ClaudiaP

Que se lembraram de mim para dar continuidade a uma cadeia de escritos que nos faz “parar” e “pensar” sobre nós próprios e sobre o que andamos a fazer por cá: eternamente a aprender... com afecto.

quinta-feira, setembro 07, 2006

lua setembrina

A Lua Setembrina tem seu mistério
Luminosidade que é encantamento dos poetas
Inspiração de artistas e de amantes

Lua de Setembro a 100% (Lua Cheia)

voluntariado real

Há cerca 20 anos, a revista semanal Telestar de 29 de Agosto a 4 de Setembro de 1986 publicou um curioso artigo onde dava importante destaque ao trabalho voluntário, numa época em que não era necessário grandes campanhas mediáticas de promoção do voluntariado.



Uma associação de utentes da Banda do Cidadão, sistema de comunicações rádio utilizando equipamentos de baixa potência na banda dos 11 metros, tomou a liderança em relação a acções de protecção civil, segundo padrões internacionais, quando em Portugal ainda pouco ou nada se fazia nesse campo em termos institucionais.

Este trabalho foi reconhecido à época de Utilidade Pública pelo governo português e por entidades europeias, como seja a Federação Europeia da Banda do Cidadão e o Instituto Europeu da Normalização das Telecomunicações, e a nível mundial como foi o caso de Los Caballeros del Aire Internacional, do Equador.

quarta-feira, setembro 06, 2006

reflexos do palácio

No tanque dos jardins do Palácio
Reflectem-se mil anos de muito charme
Pressente-se o frou-frou dos longos vestidos

Jardins do Palácio dos Zagallos, Sobreda, Almada, Portugal

na rota da boémia "comer uma francesinha"

Tradição nortenha, com fortes pergaminhos na cidade do Porto, ir “comer uma francesinha” fez, desde sempre, parte do roteiro da boémia portuense, quando as pessoas ainda não haviam trocado os tempos de convívio nos tascos da tradição pelo ambiente fechado, asséptico e impessoal das grandes áreas comerciais.

Hábito mantido durante longos anos no Norte do País, raro era o alfacinha que ao Porto se deslocasse que resistia ao apelo e à tentação de “comer a francesinha”, a maioria das vezes à chamada “moda do Porto”.

Coisas da globalização... e das modas também, surgiram há tempos em diversas zonas do País diversos espaços de restauração onde é possível a degustação de uma “francesinha”, variando nos ingredientes e, muito em especial, na qualidade desses ingredientes.

Fácil de confeccionar, o segredo está no molho, raramente se encontra na região de Lisboa uma “francesinha” com o sabor especial que as do Norte apresentam. Nas deambulações do espírito boémio que o corpo teima em acompanhar encontrei a promessa da excepção. Havia que confirmar...

“Aqui as francesinhas são mesmo à moda do Porto!”, foi esta afirmação feita por voz amiga que me levou até à Praia do Sol, nas tabuletas rodoviárias pode ler-se “Costa de Caparica”, para degustar, melhor, “comer uma francesinha”. Não dei o atrevimento por mal empregue, estava deliciosa.

Entre duas fatias de pão de forma, talvez com dois centímetros de espessura cada, são colocados já cozinhados:
Um bife de carne de vaca frito
Uma fatia de fiambre
Pedaços de salsicha fresca grelhados
Pedaços de linguiça grelhados

A cobertura é feita com duas ou três fatias de queijo “mozarella” macio e pouco forte no sabor.

A “francesinha” coroada por um camarão e uma azeitona recheada de pimentão vermelho mergulha, melhor, é afogada num delicioso molho, o tal do segredo, e que segredo...

Coube-me a mim o privilégio de a salvar do afogamento e depois... comê-la!!!



Esta “francesinha” foi comida, hahaha, degustada no Tony’s Pizza Burger, Avenida do Movimento das Forças Armadas, 9 – Costa de Caparica e custou Euros 6,50

terça-feira, setembro 05, 2006

por aqui viveram lusitanos

Montes Hermínios terras serranas agrestes
Temperaram homens para a luta
Lusitanos foram depois Portugueses

Calçada de Gigantes, Serra da Estrela, Portugal

trinta e oito meses na blogoesfera

São 38 meses que em continuidade estamos presentes na blogoesfera com a Oficina das Ideias. Desde a primeira hora que utilizamos o sistema Blogger (blogspot.com) com resultados genericamente muito satisfatórios.

Não nos iremos tornar repetitivos nas considerações técnicas e filosóficas que uma comemoração normalmente implica, limitando-nos a deixar alguns dados estatísticos:
Visitas – 102.380, a uma média de 165/dia, com origem em 87 países
Comentários no mês – 88, de 21 comentadores
Total de posts2.359, cerca de metade são fotografias originais

Porque nos merecem um destaque especial os comentadores que dão um verdadeiro espírito de interactividade à Oficina das Ideias, aqui fica o


QUADRO DE HONRA

Maçã de Junho
Lígia
Lila
Fernanda Guadalupe, do Lazuli
Manoel Domini, do Vidas Marcadas
Cathy, do Bailar das Letras
Yonara, do Templo de Hécate
Denise, do Sindrome de Estocolmo
Telma, do Encontros do Cotidiano
Repórter, do EmDirectoEACores
BB, do O Meu Anel
Mónica, do Summertime
Jacky, do Amorizade
Claudia P., do Tudo ou Nada
Manuel Galhardo
Lenore, do Verdades Cruéis
Campusdelide
Lualil, do Traduzir-se...
Natércia, do Coisas de Nada
Gonçalo, do Gom@ Nosiv@
José Manuel, do Cogir

A TODOS o nosso Muito Obrigado

segunda-feira, setembro 04, 2006

nº. 10 nas terras serranas

Nº. 10 nesta porta tão modesta
Onde vive gente de alma enorme
Que defende o património imaterial

Porta de uma casa tradicional da Aldeia de Penha Garcia

coleccionar com doçura

Coleccionar, juntar e encontrar elos de comunhão entre as peças sempre foi aliciante para o ser humano. O coleccionismo de pacotes de açúcar colocou esse anseio ao alcance de toda a gente. Os pacotes de açúcar dão rosto a pessoas e acontecimentos exemplares na solidariedade, no saber, na afectividade


Agitador de açúcar cristalizado

O coleccionismo de pacotes de açúcar é, na minha modesta opinião, muito mais do que procurar, por todos os meios, obter TODOS os pacotinhos que são postos em circulação pelas diferentes empresas cafeeiras, refinadoras de açúcar e embaladoras que existem no nosso País. Já para não falar das estrangeiras.

Muitos saberes relacionados com o café e com o açúcar são um aliciantes para pesquisa e enriquecimento de conhecimentos. O estudo sobre os tipos de açúcar, por vezes com isso varia o pacotinho onde são embalados, e também sobre a própria embalagem e apresentação leva-nos a “encontros” interessantíssimos.

É frequente encontrar-mos o açúcar embalado em pacotes opacos ou transparentes, em formato de pacotinho, sobrescrito ou stick, nos últimos tempos em tetraedros ou em pacotes maiores que contêm, igualmente, uma colher ou um agitador.

O açúcar contido nos pacotinhos varia de região do mundo para região: Branco, Golden Caster, Special Raw, Demerara ou Golden Granulado; Fino ou em cristais. Os adoçantes.

A um amigo do meu compadre que recentemente viajou para os Estados Unidos foi-lhe feito “aquele” pedido habitual que muitos de nós fazemos: “_Se puderes traz uns pacotinhos de açúcar que o meu compadre é coleccionador”. O pedido não foi esquecido.

Qual não foi a minha surpresa, quando junto com diversos pacotinhos vindos do Estados Unidos, a maioria como é costume naquele país de adoçantes, vinha também um... como lhe chamar? Agitador de cristais de açúcar? Bom a imagem aqui fica.


domingo, setembro 03, 2006

castelo de oiro iluminado

Quando o Sol se põe para lá das serras
Iluminam-se as ameias do castelo
Símbolo de acolhimento das gentes serranas


Castelo de Penha Garcia, Beira Interior, Portugal, com iluminação nocturna

não há festa como esta

Tempo de reencontro

O encontro não é fácil quando horas antes da abertura das portas já uma multidão aguarda com tranquilidade mas, igualmente, com anseio o seu tempo de entrar. Um ano de espera, com os últimos dias a serem contados com a lentidão do desejado, e muito empenhamento e militância na sua construção, está a beira de concretização de um sonho sempre sonhado e renovado.

Ai está a Festa!

“_Bem vindo camarada, aproveita bem esta Festa que é de todos nós...”

Recepção passada, se os encontros são difíceis, o mesmo não acontece com os reencontros. Ano após ano camaradas oriundos dos mais recônditos lugares do nosso País têm o seu ponto de encontro esperado e desejado a cada novo ano.

E quantas vezes não representa essa a única oportunidade no ano de darem o abraço forte e fraterno, de beberem em conjunto um caneco, de saberem “como vão as coisas lá pelo teu sítio”. É a confirmação de “que de saúde vai tudo bem”, mas “lá pela nossa terra o desemprego é cada vez maior” e o lamentar de uma camarada que no ano que passou nos deixou “já não pode estar connosco nesta festa a que vinha desde o início”.


Tempo de festa

Não há Festa como esta!

Num espaço enorme, cada ano mais bonito e alindado, muitos milhares de visitantes caminham ao ritmo de cada um apreciando uma exposição viva do Povo que sente. Muitas mensagens de protesto sobre o momento político actual, muito gravoso para a população trabalhadora, lado a lado com outras de esperança e de certeza na força que o Povo tem. Artesanato regional, peças magníficas nascidas da imaginação e do labor popular, mostram toda a diversidade de um País tão pequeno mas de profundo sentido cultural.

Depois... os cheiros e sabores, numa mostra e degustação únicas da gastronomia portuguesa em todo o seu esplendor. Os peixes e mariscos do litoral, as carnes de suíno do Alentejo e dos bovinos das terras agrestes do nordeste, cozinhadas a preceito em elaboradas receitas da tradição. E a rota dos vinhos...

E no ar sempre a música, a Festa... No palco central, no Palco 25 de Abril, actuam os Xutos & Pontapés, mas o ambiente está, igualmente, impregnado de sons de todo o Mundo. Ali mais adiante está agora a actuar um rancho folclórico vindo da região do Minho e as pessoas aderem de tal forma que muitos saltam para o palco e “ajudam a dança”.


Tempo de luta e de solidariedade

"_Olá camarada, boa noite... há muito que te não encontramos nas reuniões do Partido
_É verdade, tens razão. Mas a vida está tão má que tenho as quotas em atraso e tenho vergonha de aparecer...
_Camarada, isso nem parece teu... Então e a solidariedade? É altura de te ajudarmos todos e não de te afastares...
_Bom...
_Já deste tanto de ti ao Partido... chegou a hora de te ajudarmos... Ficamos à tua espera..."

Este diálogo ouvi-o na Festa. No espaço e no tempo de lutar por uma vida melhor há lugar, importante lugar, aos afectos, à solidariedade, à ajuda...

A Festa do Avante realiza-se na Quinta da Atalaia, Amora, Seixal e é organizada pelo Partido Comunista Português

sábado, setembro 02, 2006

por terras de monsanto

A vista espraia-se por vales e serras
Terres agrestes da raia de tantas estórias
Onde gente heroica lutou pela subsistência


Terras agrestes, vales e serras, vistas da Aldeia de Monsanto, Beira Interior, Portugal

número um

Hábito antigo de guardar os “número um” das revistas, quantas vezes o “número zero”, acaba por fazer história do que é publicado, dos êxitos editoriais e, igualmente, dos fracassos, mas é sempre registo dos tempos


Xeque Mate

Nos anos 50 e 60 do século passado, em pleno regime fascista e repressivo do Estado Novo, muitos subterfúgios eram utilizados para iludir a pressão permanente da polícia política sobre as gentes. Recorria-se, à época, ao associativismo nas suas vertentes culturais e recreativas, às cooperativas de consumo, às actividades culturais de uma forma geral.

Estava, então, em voga a prática do XADREZ onde se destacava o Mestre Joaquim Durão, internacionalmente reconhecido, que após o advento da televisão conseguiu encontrar um espaço de divulgação que. Mais do que tudo, era um meio de interagir com os telespectadores, o que representava uma importante forma de manter as populações atentas e empenhadas.

Com este derrubar das barreiras da incomunicação entre as pessoas, lembrar que a polícia política considerava, nesses tenebrosos anos, que um ajuntamento de mais de duas pessoas já seria uma conspiração, foi um passo importante na libertação das mentes que o estado pretendia cerradas ao conhecimento.

O N.º 1 da revista “Xeque Mate” foi publicado em Novembro de 1954, a partir do N.º 2 só vendida por assinatura “...pois a venda avulso pelos estabelecimentos obrigar-nos-ia a encargos de ordem vária que forçariam comprometedoramente o aumento do preço da revista”, tinha o custo de assinatura por 12 meses de 60$00 (sessenta escudos).

O director, editor e proprietário era Joaquim Durão, estando a composição e impressão a cargo da Tipografia LABOR (!!!!).



Do conteúdo do Número Um da revista “Xeque Mate” salientamos:

Notação Algébrica
Primeiro Lance
O XXV Congresso da Federação Internacional de Xadrez
A Taça das Nações
Noticiário de Portugal
3 vitórias internacionais portuguesas, comentadas por Joaquim Durão
Noticiário do Estrangeiro
Figuras do Xadrez Nacional
Xadrez por correspondência
Problemas, secção de Rui Nascimento

Dois sublinhados recolhidos neste número da revista Xeque Mate:
“Portugal esteve representado no XXV Congresso da Federação Internacional de Xadrez pelo espanhol D. Felix Heras”
Portugal não participou na Taça das Nações que foi ganha pela Rússia pois “a verba disponibilizada pela Direcção Geral dos Desportos, organismo máximo desta actividade, não chegava sequer para pagar os bilhetes de combóio até Amsterdão onde se realizou a prova”.

Assim caminhava Portugal em 1954.

sexta-feira, setembro 01, 2006

tempestade na serra

Quando nos aproximámos do cimo da Serra
Nuvens encasteladas anunciavam a tempestade
Que na descida se diluiu em azul celeste


Tarde tempestuosa na Serra da Estrela, próximo da Torre, Portugal

em agosto de 2006 a oficina das ideias publicou:

Textos
Dia 1 – Em Julho de 2006 a Oficina das Ideias publicou
Dia 2 – Fim de tarde [a suavidade do erotismo]
Dia 3 – Deuses da Lusitânia
Dia 4 – As conchinhas da maré baixa
Dia 5 – Mar eterno
Dia 6 – Mar cúmplice do meu sentir
Dia 7 – A maçã (de Junho)
Dia 8 – Vida boémia em Lisboa
Dia 9 – Bandos de andorinhas esvoaçantes
Dia 10 – Lisboa está em festa [coleccionar com doçura]
Dia 11 – Gente e Viagens [número um]
Dia 12 – Hoje o céu está mais bonito
Dia 13 – Simbolismo das conchas de vieira
Dia 14 – Olhos verdes esmeraldas de água fina
Dia 15 – Que protecção civil nós temos? [a minha opinião]
Dia 16 – Modelo fotográfico
Dia 17 – Conversa de palitos
Dia 18 – Ocarinas e flautas
Dia 19 – 100 mil visitantes
Dia 20 – Adoça a vida de quem precisa [coleccionar com doçura]
Dia 21 – Da Praia do Sol à Fonte da Telha no Transpraia
Dia 22 – Hoje recebemos o visitante 100 mil; Etiquetadas
Dia 23 – Teus Seios [corpo de mulher]
Dia 24 – Sonhei que era poeta
Dia 25 – O pão, esse delicioso alimento
Dia 26 – Rolas turcas de Valle do Rosal
Dia 27 – A Oficina no mundo; Novos indicadores de leitura
Dia 28 – A pesca no grande areal
Dia 29 – O caminho da vida [espaço de poetar]
Dia 30 – O filho de velho árabe
Dia 31 – Hoje é o Dia Internacional dos Blogues

Imagens
Dia 1 – Uma flor de alegria
Dia 2 – Varandinhas sobre o mar
Dia 3 – Serra de devoção
Dia 4 – Uma porta de tradição
Dia 5 – Sol poente no Mar Atlântico
Dia 6 – Extravagantemente bela
Dia 7 - Navegar é preciso
Dia 8 – Surfar ondas de prata
Dia 9 – Luar de Agosto
Dia 10 – Fantasia em vermelho
Dia 11 – O dramatismo de um poente
Dia 12 – Mar da tranquilidade
Dia 15 – Voar rumo ao infinito
Dia 16 – Daqui a quatro pontos... Liberdade
Dia 17 – Só na imensidão
Dia 18 – Zanga da Natureza
Dia 19 – Força e movimento
Dia 20 – Pôr-do-sol no Cruzeiro
Dia 21 – Harmonia a dois tons
Dia 22 - Caminho de esperança
Dia 23 – Letra perdida
Dia 24 – Labirinto da vida
Dia 25 – Convivência no celeiro
Dia 26 – Cata-vento de ventos de Espanha
Dia 27 – Bagas que são o Sol
Dia 28 – E da pedra se fez vida
Dia 29 – Uma homenagem aos ideais
Dia 30 – Janela virada para a esperança
Dia 31 – Um carinho para o meu filho David

Uma flor para...
Dia 13 - ...a Doce Cathy, “mereces o melhor do que o mundo tem”
Dia 13 - ...a Denise, “mulher de causas e de afectos”

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