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quinta-feira, julho 31, 2008

raios de sol


energia pura que nos seduz
no contraste do fogo e do doirado
indica o caminho da paixão



Flor dos jardins de Valle do Rosal, Charneca de Caparica, Almada - Portugal

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chamaste-me marinheiro....

Sabes? Tu és um Marinheiro....


Chamaste-me marinheiro!
Naveguei mares sem fim
Na busca do querer primeiro
De te ter junto a mim.

Ondas de prata beijaram
A frágil embarcação.
Como partiram chegaram
Em suave louvação.

Chamaste-me marinheiro!
Por olhar o infinito
O peito é meu celeiro
Senti-me um ser bendito.

Serras e montes caminhei
Na procura da esperança.
Mas foi no mar que encontrei
Teus braços, a bonança.

Chamaste-me marinheiro!
Pelos meus olhos castanhos
Ofereço-te um jasmineiro
Cheirinho encantos tamanhos.

Do jardim das mil cores
Recolhi cravo vermelho.
Flor de singelos amores
De muito querer é o espelho.

O mar é meu confidente
Esse mar que me é fagueiro
Olhaste-me profundamente.
Chamaste-me marinheiro!

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quarta-feira, julho 30, 2008

"o nosso sonho"


o sonho é o quisermos
numa praia com sol a pique
pode ser simplesmente um abrigo


Barraca para guardar apetrechos da pesca, Grande Areal, Fonte da Telha, Almada - Portugal

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preguiçar à beira mar

Deixei-me preguiçar frente a este mar imenso em tonalidades fortes de azul que toma tonalidades de lilás antes de começar a doirar com o lento caminhar do Sol em direcção ao ocaso. Depois da brisa terrestre que a esta hora sopra quase diariamente a calmaria havia se instalado numa conjugação perfeita de cores e de odores.

O guinchar de uma gaivota agitada por algum peixe que os pescadores haviam deitado ao mar e que outra lhe pretendia furtar cortava o silêncio embrulhado no prateado do suave rebentar da ondulação que se espraia na areia.

Os surfistas regressam do mar, terminadas que foram as manobras que estavam a executar. Após a troca dos fatos de borracha por calções e blusas com as marcas em grande evidência foram-se afastando da praia rumo aos seus destinos.

O ambiente tranquilo e cálido conduzia-me à meditação... até mesmo ao sonho.

O prazer de viver a vida, de sentir a força da Natureza que em momentos como este se torna afável, cúmplice dos nossos sentires. São momentos únicos de encantamento, hino à maravilhosa vivência que me extasia e que com a leveza de uma gaivota me leva por mares e terras, pelos vales e montanhas...

De súbito, vindo de lado algum, um elegante veleiro desliza suavemente empurrado por uma brisa com o odor das algas que dão vida ao fim de tarde.

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terça-feira, julho 29, 2008

corvídeos do pinhal


elegantes no voar
astutos
são os belos corvídeos do pinhal


Corvídeos, Pinhal d'El Rei, Mata dos Medos, Charneca de Caparica, Almada - Portugal

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o tempo de stroud

Stroud é uma cidade pertencente ao condado de Gloucestershire no País de Gales e onde se verificou um dos mais estranhos resultados em consequência da implantação dos caminhos de ferro na região. Terminou o designado “tempo de Stroud”, o “Stroud time”, fruto de a partir dessa data, em 1845, ter sido aí obrigatório o uso do “tempo de Londres” para normalização dos horários dos comboios.

Como Stroud se situa a cerca de 90 milhas a oeste do meridiano, anoitecia nove minutos mais tarde do que em Greenwich.

Antes de 1845, o povo de Stroud marcava o seu tempo orientando-se pelo Sol, donde ser frequente nas casas mais solarengas a existência de um relógio de sol.

Este relógio de sol existe actualmente no parque duma residência privada, a Applegarth-Bussage, na região de Stroud e a imagem foi obtida e enviada por Victor e Lila, do blogue Des-encantos, que muito agradecemos.



É um relógio de sol do tipo horizontal construído em metal, provavelmente cobre, colocado sobre uma peanha de granito, com as marcações horárias em numeração romana. O gnómon é recortado da forma tradicional e inteiriço. A sua construção deverá datar do século XIX, anterior a 1845.




saber mais em:
http://www.digitalstroud.co.uk/gettinghere.php?pageid=133&pid=103&topid=5

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segunda-feira, julho 28, 2008

pífaro e tambor


música tradicional no seu melhor
por tierras estremeñas de Cáceres
animação de rua e popular


Elemento de uma arruada popular em Cáceres - Espanha

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pôr-do-sol, depois virá a alvorada

O momento mágico que representa o pôr-do-sol, maravilhoso mas fugaz, é um tempo único de meditação em que o espírito se encontra muito perto da Natureza, numa comunhão extraordinária de sentires. O olhar sempre se espraia até a espaços infinitos, muito para além da linha do horizonte na procura de respostas para tantas dúvidas que se apresentam na vivência do dia-a-dia.

A luz do pôr-do-sol côa através do arvoredo, quando temos a felicidade de o observar num jardim ou numa mata virados a poente, criando imagens quantas vezes irreais, levando-nos a espaços de mistério e de fantasia. No nosso imaginário o sol poente traz sempre a ideia da renovação no fulgor do Sol do dia seguinte.

É à beira-mar, ao longo da diversificada costa portuguesa, que o pôr-do-sol toma a sua verdadeira dimensão. Se à visão do mar, profundo mar, juntarmos o esoterismo do local, estão reunidas as condições para um sol poente inolvidável, que nos dará sempre a esperança desenhada na alvorada que se seguirá.

Muitas vezes, o Sol ainda alto, por efeito de densas nuvens, transforma-se num disco luminoso de laivos laranja fogo que nos dá a promessa de um pôr-do-sol extraordinário. Momento propício para a iniciação no observar e no meditar deste planeta que sendo azul se deixa invadir pelo doirado.

O pôr-do-sol é benfazejo para os enamorados que por ele se deixam banhar ao entardecer, porque a seguir virá a visita da Lua prateada. Mas no momento do pôr-do-sol as cores tornam-se mais quentes, os afagos mais profundos, os sentires encontram o ambiente propício a que fluam com doçura.

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domingo, julho 27, 2008

jogar a malha


jogo tradicional das feiras e romarias
o prémio é muitas vezes um copo de vinho tinto
pois jogar à chapa do sol seca as gargantas e faz sede


Jogo da Malha, jogo da tradição, em A Festa do Solar, Solar dos Zagallos, Sobreda, Almada - Portugal

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mar cúmplice e confidente

Mal chegou à borda-d’água deixou-se cair sobre si próprio a sentir o calor que o sol forte do dia tinha deixado no areal e quedou-se estático a olhar o mar que suavemente se espraiava nas doiradas pérolas em namoro que vem dos tempos imemoriais.

Esse mar tão seu conhecido, cúmplice até em muitas ocasiões, sabia-lhe os remoinhos e os agueiros, contava-lhe as ondas e adivinhava a seguinte, sabia-lhe o humor pelas tonalidade que apresentava, ora azul esverdeado, mesmo verde até, outras vezes da cor do céu quando mesmo em tons de lilás. E doirado, quente quando o Sol “se deixava comer pelos caranguejos”, mais arredio quando era doirado de alvorada, aí quase de argênteo vestido.

No entanto, sempre o surpreendia e por isso se deixava ficar em contemplação profunda durante largos tempos na busca de novos ensinamentos que as marés sempre lhe traziam. E foi o que nesse dia aconteceu quando, sem pressa, se deixou ficar a olhar o mar. O tempo passou sem que de tal desse conta.

Pegou, então, numa varinha que consigo trazia e num espaço de areia alisada colocou-a em perfeita perpendicular ao mesmo. Determinou o Norte real baseado no conhecimento que tinha do sentido em que o sol se deslocava desde o amanhecer até ao magnífico pôr-do-sol e determinou a hora real a partir da sombra que a varinha projectava na areia.

Muito tempo se havia realmente passado, nesse caminhar contínuo que não há contador de tempo que consiga sentir como o ser humano o faz, limita-se a registar sem ter em conta o sentimento do tempo que passa, mas sabia não estar só.

Nestas coisas de viver o mar existe sempre outrem que tal como o efeito de borboleta pode a milhares de quilómetros de distância partilhar os mesmos sentires, quiçá muito amplificados. Tudo é possível quando o que nos une é o mar, ele próprio alheio às classificações que o Homem lhe atribui, constituindo-se como uno, total.

Ah mar, mar cúmplice e confidente.

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sábado, julho 26, 2008

a magia do por-do-sol


mágico enlevo quando o sol mergulha
nas águas profundas do oceano
ao fundo o maravilhoso Monte da Lua


Pôr-do-Sol no Grande Areal, em fundo o Monte da Lua, Praia do Sol, Almada - Portugal

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o desafio...

Duas citações de "Das Runas", de Fabiana d’Aversa:

"A quarta runa do primeiro aettir é ANSUR, a mensagem. … Em contraposição ao caos, representa a ordem cósmica simbolizada pelo arco-íris Biffrost"

e

"O rei da Suécia (Gylfi) partiu, sem avisar ninguém, em busca da morada dos deuses, que seguramente seria na direcção do Bifrost, o arco-íris do norte"


explicada a relação entre as "Runas" e o "Arco-Íris"

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sexta-feira, julho 25, 2008

moinho de poço


eleva nas alturas a água pura
ao ritmo do vento que move as pás
vital para as culturas e para o gado


Moinho de Poço, Herdade de Muge, Casa Cadaval, Muge - Portugal

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na senda do tempo de pedra

Muitos têm sido os projectos de pesquisa do saber, especialmente do saber popular, que o pessoal da Oficina das Ideias tem realizado, na procura do enriquecimento dos conhecimento sobre temas que procuramos aqui desenvolver e para muitos dos quais temos contado com a prestimosa contribuição dos nossos leitores que através dos comentários que aqui formulam nos dão indicações importantes.

Um dos temas preferidos da Oficina, como os leitores assíduos e mais atentos já concluíram é “O TEMPO QUE PASSA”, no que tem de volátil, especialmente, no sentir de cada um consoante as circunstâncias, porque na realidade científica da questão ele flui regularmente, a ritmo certo, sem sobressaltos nem paragens.

O “tempo que passa” tem deixado, entretanto, marcas importantes na realidade que todos nós sentimos no Planeta que habitamos. São os movimentos tectónicos, são as alterações orográficas, são as cada vez mais comentadas mudanças climatéricas e de temperatura do planeta Terra. Também o Homem tem marcado o Planeta com a sua inventiva das formas mais diversas.

Uma delas, relacionando o ser humano com o tempo é o que poderemos chamar o TEMPO DE PEDRA, os relógios de sol, aqueles que indicam o tempo real, mas também os que guardam na pedra lavrada, granito, calcário e tantas outras, as observações que o Homem foi fazendo no correr dos tempos, acrescido da gravação de simbologia que muitas vezes traduz os medos e a magia do desconhecido.

Com a contribuição do nosso amigo/irmão Olho de Lince vamos andar pelas míticas terras do Concelho de Mafra, vamos espreitar igrejas e palácios, vamos ouvir o Povo que sabe e que sente, vamos procurar recolher mais informação sobre RELÓGIOS DE SOL. E vamos partilhar tudo o que aprendermos aqui na Oficina das Ideias.

Espera-nos Concelho de Mafra que aí vamos nós!

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quinta-feira, julho 24, 2008

mãe e filho


hora do tranquilo repasto
na mansidão do tempo e do espaço
o elegante potro está atento


Égua de raça Lusitano e seu filhote, Coudelaria da Herdade de Muge, Casa Cadaval, Muge - Portugal

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a oficina no mundo

Dos 199 Países do Mundo, 28 na América, 51 na Europa, 15 na Oceânia, 51 na Ásia e 54 na África, actualmente existentes já visitaram a Oficina das Ideias pessoas originárias em 148 diferentes países, o que representa cerca de 74% numa enorme cobertura espacial.

Uma recente avaliação efectuada pelo nosso “gabinete de estudos técnicos” concluiu que uma elevada percentagem resulta da pesquisa de imagens efectuada através do Google Search facto, aliás, confirmado pela situação real de que inúmeras fotografias da autoria de Olho de Lince se encontram profusamente publicadas em sítios de todo o Mundo. Aliás, muitas deles fazendo parte integrante de apresentações (Power Point) ou vídeos de um modo geral ilustrando temas musicais de autores consagrados.

No entanto, muitas das visitas vindas de paragens tão longínquas como seja o Bangladesh e Macau, Timor e Austrália, muitas confirmadas por quem as realizou, são resultantes de acessos directos com a intenção primeira de visitar a Oficina das Ideias. Já para não falar de Espanha, da Venezuela, do Peru, da Colômbia e de tantos outros países com os quais são mantidos contactos frequentes e de amizade com o pessoal da Oficina das Ideias.

Um lugar de destaque para o Brasil de onde acedem visitantes a partir de todos os Estados, temos vários registos da própria Amazónia, com quem mantemos diversas parcerias e colaborações, onde nos ligam fruto da blogoesfera fortes amizades e, muito em especial, com quem temos procurado aprofundar laços de lusofonia, no que ela tem de mais profundo, além da língua, a cultura, o saber e com grande ênfase a compreensão e aceitação das diferenças. Aliás, o Brasil ultrapassa desde sempre, em número de visitas o nosso próprio País.

De referir que neste momento a Oficina das Ideias tem colocadas nas grandes auto-estradas da comunicação, com acesso disponível e ilimitado cerca de 4.000 imagens, todas originais da autoria de Olho de Lince que têm sido utilizadas a título gratuito para ilustrar inúmeras postagens sobre os mais variados temas. Para que essa utilização possa ser feita com maior qualidade, a partir do nosso sexto ano de publicação contínua, passámos a disponibilizar para os nossos leitores diversas imagens com uma definição ainda superior.

Finalizamos com uma curiosidade. Sempre que algures no Mundo se realiza um evento para o qual se deslocam muitos portugueses, como irá acontecer em breve aquando da realização dos Jogos Olímpicos na China, aumenta o número de acessos dessa região. O que nos leva a pensar serem acessos de viajantes que levam consigo equipamentos portáteis e que continuam, mesmo em viagem, a visitar a Oficina das Ideias. Por certo que vamos procurar para com esses amigos ter uma atenção merecida.

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quarta-feira, julho 23, 2008

horas de pedra


marca as horas verdadeiras, as do sol
construído em pedra da região
é testemunho do tempo que passa


Relógio de Sol vertical, situado no cunhal direito da Igreja de S. João Degolado, Terrugem, Sintra - Portugal

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regresso

Este céu de cor cinzento
Quase estanho
Anuncia tempestade
Vinda do Sul...

Ou é simplesmente
O anúncio
Da tua ausência?


Ou será coisa de momento
Algo estranho
Somente ansiedade
Logo será azul?

Pensamento clemente
Prenúncio
Marca a cadência.


Quando escrevo sentimento
Querer tamanho
É algo de soledade
Flor num paul

Mas também é a semente
O anúncio
Devir permanência.

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terça-feira, julho 22, 2008

velas ao vento


navegar com a força do vento
contra a corrente ou dela a favor
sentir o sal queimar a pele


"Windsurf" na Praia do CDS, Praia do Sol, Costa de Caparica, Almada - Portugal

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alerta numa colónia naturista

"Quando a nossa caravana começou a oscilar, qual embarcação casca de noz apanhada na voracidade de um temporal, todos pensámos estar ébrios, mas quando os nossos pés ficaram molhados pela água que entrava aos borbotões demos conta da situação: toda a Ponderosa estava debaixo de água, o dique de pedras havia cedido".

Assim consta em parte do relato efectuado mais tarde pelo operador da estação de rádio CB "Lúcifer I" sobre os acontecimentos de 11 de Fevereiro de 1980, numa ilha do rio Reno.

Tratava se de um acampamento do "Clube Naturista de Rein Main" constituído por mais de três centenas de casas rolantes estacionadas numa maravilhosa zona natural, cujos proprietários habitualmente utilizavam para férias e fins de semana, vividos num ambiente desinibido e saudável.

Altas horas, quando muitos dos presentes, alguns dos quais cebeístas, confraternizavam alegremente, foram surpreendidos por fantásticas quantidades de água que descendo desde o Lago Constanza haviam feito subir grandemente o leito do rio, galgando as margens em diversas zonas do seu percurso.

Os diques construídos para protecção da ilha não resistiram muito tempo à força incontrolável da água em movimento e o seu aluimento veio agravar a situação já de si desesperada.

"Lúcifer I" conta: "Pegámos de imediato nos nossos emissores receptores da Banda do Cidadão e alertámos todos os colegas ao nosso alcance, quer os que se encontravam acampados connosco na ilha, quer algumas estações em base do outro lado do rio, algumas bem distantes".

Era impossível que lhes fosse prestado auxílio a partir das margens, tendo em conta a forte corrente provocada pela água em turbilhão que arrastava consigo detritos retirados das margens e a escuridão cerrada que a chuva e o vento tornavam ainda mais tenebrosa, muito menos alcançar a margem a partir da ilha, no entanto, a corrente de solidariedade via rádio foi estabelecida.

Para evitar maiores prejuízos os cebeístas munidos dos seus emissores receptores de CB e de lanternas de potentes focos embarcaram em barcos pneumáticos indo de casa em casa. O objectivo era alertar e pôr a salvo as pessoas e os bens mais valiosos.

Mantendo sistematicamente as comunicações através de equipamentos de CB conseguia ter-se uma noção geral da situação em toda a zona, tranquilizar os mais desesperados, dar conta da chegada de meios de socorro, organizado entre os mais voluntariosos e com maior capacidade de mobilidade.

"Fazia frio mas havia bom humor!" Comentaria “Lúcifer I” mais tarde, passados que foram os momentos de grande aflição que haviam vivido. Agora, reunidos à volta de uma caneca de café bem quente faziam o balanço de toda a agitação da noite anterior, seguindo-se uma avaliação dos estragos provocados pelos elementos naturais em fúria.

Quando pôde ser apreciada toda a extensão dos estragos; mesmo os mais afectados estavam de acordo que tudo teria sido mais grave não fora a pronta e abnegada intervenção dos cebeístas e o recurso ao meio de comunicação de que dispunham, a Banda do Cidadão que, uma vez mais, evidenciou a sua importância nas operações de alerta e salvamento.

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segunda-feira, julho 21, 2008

um salto lusitano


alta escola e cortesia é seu mundo
conhecer novos mundos é de lusitano
elegante no saltar com nobreza


Saltos de Cavalo, Cavalo Lusitano, Casa Cadaval, Coudelaria da Herdade de Muge, Muge - Portugal

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navego

Navego
Mares sem fim
Em frágil embarcação
Do sonho tem a leveza
Resistente
Como a vida
É casa
Amante
Querer

Venço tormentos
Escolhos
Monstros marinhos
E sonhos
Mil vezes derrubado
Outras tantas
Me levanto
Sentimento

Sigo o rumo do vento
A força do pensamento

Procuro imagem
Amada
Jasmim
Fruto de Verão
Maresia
Argêntea espuma
TU
Mulher desejada
!

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domingo, julho 20, 2008

o teu merecimento


mereces estas flores pelo que és
pelo que sabes dar e pela vida
mulher de inteiro sentir


Flores dos jardins da Quinta Cadaval, Herdade de Muge, Muge - Portugal

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um belo cântico de amor

Ao longe, até ao alcance da vista, lugar de mistério e de magia onde o céu azul parece mergulhar nas águas do oceano, começa a levantar no vagar do tempo de ilusão que a distância provoca uma cortina de densa neblina em tons de cinza e de sépia que torna o ambiente ameaçador de tormentos que no mar sempre são mais sentidos.

Ontem ao pôr-do-sol, tempo mítico em que “os caranguejos devoram o disco solar”, no dizer popular dos homens do mar, nada fazia prever na transparência do horizonte avermelhado a prometer bom tempo no dia seguinte que o alvorecer de agora fosse tão soturno, de cinza triste, prenúncio de maus acontecimentos que somente o muito querer dos seres humanos poderá o sentido alterar.

O velho marinheiros de cãs desgrenhadas e rebeldes, lobo do mar e pescador, aventureiro sem porto certo, senhor dos faróis como já lhe chamou quem sentiu algures do tempo que passa a necessidade de utilizar a sua luz para lhe iluminar o trilho da vida, caminhos de amores e de desamores, ficou estático perante a prometida violência dos desígnios da Natureza, não dando sequer conta da frieza que lhe trespassava a roupa e de mansinho lhe penetrava o corpo.

Viu as artes saírem ao mar, loucura pensou para si, e no afastamento da beira-mar fazerem os lanços das redes emalhadas ainda há pouco, com malhas tecidas na expectativa de boa pescaria. Sentiu, então, o agreste caminhar do violento temporal que velocidade ganhava conforme se deslocava para terra. Pensou uma vez mais na ousadia que fora os pescadores fazerem-se ao mar que se mostrava, cada vez mais, agitado e ameaçador.

Seus pensamentos vogaram paragens longínquas na procura da cor que matizasse o cinzento quase breu que o envolvia e sobre si parecia abater-se. Sabia, contudo, que teria a espera como companheira até à sétima onda do mar que enrolava no areal. Com ela viria a bonança o arco-íris o pote de ouro a magia das cores a pesca farta e os seus companheiros das artes. Como em tempos ancestrais eles contariam como uma bela mulher de cânticos doces e olhar atrevido havia surgido do seio das águas e transformado o cinzento em azul magnífico e a tempestade em fartura de peixe prateado.

Contariam aquela estória que ele tão profundamente conhecia.

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sábado, julho 19, 2008

amor maternal


a mãe vigilante dá-lhe liberdade
para crescer, ser forte, ser ágil
mas proteje-o do inesperado perigo


Égua raça Lusitano com cria, Coudelaria da Casa Cadaval, Muge - Portugal

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livro de pedra

Ave Amici!

Assim somos saudados à chegada ao Museu Arqueológico de São Miguel de Odrinhas por uma mulher em trajes romanos que acrescenta:

Deus Mercúrio aqui os conduziu, que ele lhes proporcione uma excelente estadia e visita!

No firmamento a Lua na sua plenitude de luminosidade, acabada de sair de Lua Cheia, ilumina o espaço exterior cujos trilhos estão marcados por archotes, chamas de fogo vivo, fixados ao solo ou transportados por figurantes trajados à romana.

Serão os mesmos que durante o percurso que fazemos no espaço de exposição designado “Basílica Romana”, sala de epigrafia latina, com o recurso a iluminação tradicional, lêem em latim e em voz alta algumas das inscrições mais significativas que mostram a forma como a região foi habitada, ao tempo de Octaviano, herdeiro do Divino César, que atribuiu a Olisipo, a actual Lisboa, o estatuto de “Município de Cidadãos Romanos”, atendendo a nela viverem gentes oriundas das mais diversificadas regiões do Império.

A leitura em voz alta, pelo reduzido número de pessoas que tinham esse saber, era uma prática da Antiguidade Clássica que é agora aqui recriada.

O território deste “Município de Cidadãos Romanos” embora centrado em Olisipo era muito vasto, incluindo toda a Baixa Estremadura a sul de Montejunto e a norte da Arrábida. As elites municipais viveriam de um modo geral fora da cidade de Lisboa, em grandes propriedades rurais, muitas delas situadas na actual região de Sintra.

Em latim é, igualmente, feita uma alusão à importância de Sintra, cuja serra, o Monte da Lua, estabelece com o Promontorium Barbarico, o Cabo Espichel da actualidade, importantes referências culturais desta região tão rica de tradições.


Percorremos a “via romana” marcada por linhas de candeias de azeite com a recomendação de que esta linha nunca deverá ser ultrapassada pois ela marca a fronteira entre a vida e a morte, entre o caminho de luz e o espaço de ninguém.

Nesta visita teatralizada ao “Livro de Pedra” percorremos igualmente o “Cronos Devorator”, evocando o deus Chronos que devora os seus próprios filhos, como devorará os visitantes que devem apressar os seus passos embora sejam tentados a permanecer atraídos pelas sonoridades de uma harpa celta obtidas pela arte de Ana Rita Borges, mas sempre acossados a andar rápido pela insistência de um cidadão “romano”.


Completamos esta leitura do “Livro de Pedra” caminhando pela “Necrópole Medieval”, onde encontramos diversos apontamentos ilustrativos de variados tipos de necrópoles medievais e tardo-medievais existentes em Sintra e no seu Termo; pelo “Gabinete Lapidar” onde fazemos a “leitura” da história da prática da ciência epigráfica; pelo “Otium Fecundum” sala destinada ao lazer... ao “lazer fecundo”, como o entendiam os romanos, “tempo para descontrair, mas recriando e edificando o espírito”; pelo “Fines” para terminarmos a visita, onde encontramos as lápidas que serviram para delimitar, terrenos e espaços, marcos fronteiriços, as “caravelas” demarcadoras de Lisboa e muitos marcos de particulares propriedade.

"FINES"


Para saber mais:
“Museu Arqueológico de São Miguel de Odrinhas”, Textos de José Cardim Ribeiro, fotografias de José Antunes / João Cardoso / Giorgio Bordino, publicação da Câmara Municipal de Sintra.

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sexta-feira, julho 18, 2008

sétima lua


tivesse eu do sol a magia
faria a lua sempre brilhar
para te dar muito prazer


A Sétima Lua Cheia às 7 horas e 59 minutos (100%)

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o colapso

O sistema de informação global, um dos mais importantes apoios do liberalismo económico para perseguir os objectivos da acumulação desenfreada de capital aos serviço das grandes potências mundiais, encontra-se ele, tal como o sistema que apoia, no caminho do colapso o que provoca a maior desorientação e desespero.

Para justificar o que já se torna injustificável e, especialmente, insuportável por largos milhões de seres humanos em todo o Mundo, as notícias base da propaganda surgem de tal forma em catadupa que elas próprias se contradizem com diferenças curtas de singelos minutos.

A meio desta semana (13 a 19 de Julho de 2008) dois canais de televisão diferentes davam notícias sobre o aumento do preço do petróleo bruto, no mínimo, contraditórias. Enquanto que um canal anunciava que os preços, quer nos mercados de Nova Iorque, quer de Londres, atingiam uma vez mais números recorde, um outro canal anunciava o abaixamento desses mesmos preços. Subjacentes as estas notícias estava, por um lado, a importância de passar a informação do aumento de confiança nos Estados Unidos e, por outro, o interesse em propagandear que os países do Médio Oriente e a própria OPEP se negavam a aumentar a produção de crude na região.

Sintoma desse mesmo desespero que as forças da globalização financeira atravessam, incapazes de estancar a crise, especialmente social, que eles próprios provocaram, com riscos de uma insubordinação planetária fruto de verdadeiras situações de fome generalizada, é a pressão cada vez mais forte que o Fundo Monetário Internacional está a fazer sobre os governos que dele estão reféns.

Avisado andou o governo brasileiro quando decidiu liquidar toda a dívida que tinha para com o FMI e bater a porta a esses autênticos abutres do sistema capitalista.

Duas recomendações do FMI vieram esta semana a público, e quando referimos recomendações dever-se-á ler IMPOSIÇÕES, a que o governo português não vai ter capacidade de reagir e deveremos estar atentos a futuros desenvolvimentos a breve prazo.

Em primeiro lugar e atendendo a que as previsões de inflação média para 2009/2010, segundo o FMI situar-se-ão em cerca de 2% será esse o aumento de vencimentos recomendável para as próximas negociações entre os sindicatos e os patrões (Estado incluído).

Segunda recomendação de que os governos deverão estudar a hipótese de as contribuições do patronato para a Segurança Social serem reduzidas ou mesmo anuladas por forma a incentivar a criação de novos postos de trabalho.

São evidentes os objectivos reais pretendidos de subjugar cada vez mais a força do trabalho, muitos analistas já falam em real escravatura, e proporcionar a continuação da acumulação de capital “espremendo” até ao limite os rendimentos dos trabalhadores.

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quinta-feira, julho 17, 2008

floral cristalino


a frescura das flores numa mesa
são sinal de requinte e bem estar
embelezam deliciosa degustação


Floral, arranjo de mesa, Casa Cadaval, Muge - Portugal

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lua de verão

Lua mágica que o sentir te maravilha
Quando nela espraias teu doce olhar
Cúmplice e confidente do caminhar
Na procura da vereda que o amor trilha

Nela se reflecte de azul o nosso mar
Que sempre está presente nesta partilha
Na espuma da sétima onda que fervilha
Na doirada areia seu destino e desejar

Na Lua olhamos o infinito e mais além
Onde um rosto nos sorri com a ternura
De quem está enamorado e nos quer bem

E na alegria vivida de tamanha ventura
No encontro perfeito e sem porém
A Lua brilhante é de estio e de doçura.

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quarta-feira, julho 16, 2008

nossa senhora do carmo


os frescos das capelas e igrejas
dos amplos campos alentejanos
riqueza ímpar nem sempre bem preservada


Nª Sª do Carmo, fresco, Santuário de Nª Sª da Boa Nova, Terena, Alandroal - Portugal

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vento suão

Soprava o vento Suão
Dos confins do Alentejo
Com ele aumenta o pão
E exacerba o desejo.

Nas planuras sem fim
Onde o olhar não alcança
Julguei ver-te junto a mim
Em estranho passo de dança.



[duas quadras retiradas do poema "Os Frutos do Alentejo"]

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terça-feira, julho 15, 2008

o respirar da concertina


dedos ágeis, ritmo e saber
fazem respirar a concertina
em seculares sonoridades


Tocador de concertina, Feira Internacional de Artesanato, F.I.L., Parque das Nações, Lisboa - Portugal

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bendito vinho tinto

Na tradição popular, fica a dúvida se de uma lenda se trata ou se é fruto da imaginação das gentes e das histórias contadas de geração em geração em noites de Inverno no aconchego das lareiras, foi há muitos anos padre no lugar de Muge, onde o Ribatejo ganha ares de além Tejo, um sacerdote que dava pelo nome de Pedro.

Na celebração da eucaristia sempre usava vinho da região, “sangue de Cristo” feito néctar dos vinhedos de Muge, especialmente aquele que era oriundo de uma determinada vinha da Herdade, onde a qualidade dos solos e a exposição ao Sol benfazejo lhe davam corpo e sabor como nenhum outro.

Ele próprio celebrava com libações frequentes a qualidade do vinho ao ponto da referida vinha ser conhecida pelos populares e pelos trabalhadores da Herdade como “vinha do Padre Pedro”.

Ainda hoje, o vinho produzido com a origem da uva amadurecida nesses terrenos, com o recurso às novas tecnologias mas mantendo sempre a integridade do que a Natureza produz, é considerado um dos melhores vinhos tintos da região ribatejana.

O nome passou do pároco para a vinha e desta para o rótulo da garrafa de vinho “Vinha Padre Pedro”.


Queremos deixar aqui os nossos agradecimentos a quem proporcionou a elaboração destes textos e imagens sobre a Herdade de Muge, Casa Cadaval:
Garrafeira Jumbo Almada Fórum
Vinalda, agentes e distribuidores
Casa Cadaval, Investimentos Agrícolas

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segunda-feira, julho 14, 2008

receptores de energia


quais receptores giratórios
procuram a energia importante
para a sobrevivência das gentes na Terra


Plantação de girassóis, Herdade de Muge, Muge - Portugal

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padre pedro foi a provas

Na sala de provas da Herdade de Muge acompanhados pelo saber do enólogo da casa Rui Reguinga e pela gentileza presente de Dona Teresa de Chamborg foram-nos apresentados cinco vinhos de eleição, um branco, um rosê e três tintos sobre os quais apresentaremos os nosso modestos comentários de eternamente iniciados nestas andanças.



Vinhos Brancos

Vinha Padre Pedro, branco, 2007
Denominação de Origem: Vinho Regional Ribatejano
Castas: Fernão Pinto (90%) e Arinto e Merlot
Nota de Prova: Cor citrina, aroma frutado, sabores a pêra, maçã e abacaxi
Graduação alcoólica: 13,5 % do volume
As uvas são colhidas à mão e a fermentação tem lugar a baixas temperaturas (entre os 16 e os 25 graus) por forma a garantir a preservação dos aromas e da frescura desta casta.



Vinhos Rosé

Vinha Padre Pedro, rosé, 2007
Castas: Aragonês e Arinto
Nota de Prova: Cor rosada, aroma frutado, sabores frescos
Graduação alcoólica: 13,5 % do volume





Vinhos Tintos

Vinha Padre Pedro, tinto, 2006
Denominação de Origem: Vinho Regional Ribatejano
Castas: Trincadeira(40%) e Aragonês(40%); Cabernet Sauvignon(15%) e Merlot(5%)
Nota de Prova: Cor vermelho rubi brilhante, aroma frutos vermelhos, madeira muito suave e um pouco de especiarias, algum volume de boca.
Os mostos são fermentados a uma temperatura um pouco mais elevada do que os brancos por forma a extrair a cor característica deste vinho. Estagia cerca de um ano em barricas de carvalho francês.



Trincadeira, Vinhas Velhas, tinto, 2006
Denominação de Origem: Vinho Regional Ribatejano
Monocasta Trincadeira
Nota de Prova: Bastante concentrado e complexo
Graduação alcoólica: 13,5 % do volume
Proveniente de vinhas com 50 anos tem uma produção de 7/10 mil garrafas por ano


Vinha Padre Pedro, tinto, Reserva 2005
Tem as característica do vinho Padre Pedro, tinto, mas é elaborado em anos de excepcional qualidade das uvas.


Terminada a função, estava guardada uma surpresa para o pessoal da Oficina das Ideias, quando António Sousa, da Garrafeira Jumbo Almada Fórum, recorrendo aos seus saberes de outras andanças (Megera TV, da SIC Radical e não só) tomou conta da palavra para dizer o modesto poema que esta Oficina produziu para o evento. E o Padre Pedro voltou à baila...

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Um cónego mui sabedor,
Dos gostos que a vida tem,
Fez da adega altar-mor,
Para pregar e fazer bem.
Do tonel espichou desejo.

Pedro é a sua graça,
Por baptismo e devoção,
Para a história da vinhaça,
Por sua grande paixão.
Ao bendito vinho tinto.
...........................

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domingo, julho 13, 2008

o bazar


marraquexe na capital portuguesa
cores, odores, a luz do deserto
só falta o encantador de serpentes


Artesanato do norte de África, Feira Internacional de Artesanato, F.I.L., Lisboa - Portugal

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a chave da igreja

Há sempre alguém que possui ou sabe onde encontrar a chave da igreja local, este é o nosso saber de prática confirmado, quando desejamos visitá-la com cuidado e atenção e a porta se encontra cerrada. Situação esta cada vez mais frequente atendendo à série de roubos que se tem verificado, especialmente nas capelas e igrejas mais isoladas do povo.

Recordo ter escrito a propósito da Igreja de Peroguarda quando a pretendemos visitar: “Assim como São Pedro tem as chaves do Céu, assim se passa com a Dona Inês que possui as chaves das palavras e dais ideias e, igualmente, as chaves da igreja paroquial de Santa Margarida que fez questão que visitássemos.” A Dona Inês além de nos franquear a entrada na igreja ainda nos brindou com este belo versejar

Aldeia de Peroguarda
És a minha terra natal
És a mais alentejana
Nas terras de Portugal
Por todas és invejada
És minha terra natal
Aldeia de Peroguarda


Mas, de igual forma, aquando da visita à Capela de Santa Bárbara, em Freixo de Numão, terras de Foz Côa, do povo surgiu a chave que nos possibilitaria visitar este templo granítico, altaneiro e austero. Mulher idosa, cabelos brancos e carrapito, é a fiel depositária duma chave que abre pesados portões de verde pintados.

Numa recente viagem, conhecer sítios e gentes, à vila de Góis, gerou-se a desilusão ao verificarmos que as portas da Igreja Matriz, votiva de Santa Maria Maior, se encontravam cerradas. Por perto nem viva alma, muito menos o pároco ou o sacristão. Nem a soberba vista que se tem sobre o vale do Rio Ceira ou do rochedo da Pena de Góis carregado de simbolismo deu ânimo a quem desejava ver o interior da Igreja e o tão celebrado túmulo de Dom Luís da Silveira.

Foi quando saída sei lá de onde uma anciã de brancos cabelos e trajar modesto se aproximou do escriba destas linhas. Um “boa tarde” de saudação e a conversa sobre a “chave”, os furtos da estatuária religiosa das igrejas, a ausência do padre e a distância a que fica a “comissão fabriqueira” criaram as condições para a pergunta sacramental, que já Saramago sugere na sua obra Viagens em Portugal: “E a chave? Quem terá a chave da Igreja?”.

Não foi fácil. Mas conversa puxa conversa e a Dona Suzana, essa é a graça da anciã que de nós se tinha abeirado lá se prontificou a “conseguir” a chave caminhando à torreira do Sol na busca da mesma.

Confirmado! “Há sempre alguém que possui ou sabe onde encontrar a chave da igreja local”.

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sábado, julho 12, 2008

palavras de saramago


passam palavras, sobrepõem-se, saiem
sem vírgulas, com tempos próprios
são palavras de saramago


Instalação na Exposição "José Saramago: A Consistência dos Sonhos", no Palácio Nacional da Ajuda (até 27 de Julho), Lisboa - Portugal

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uma adega com nobreza

Na hora aprazada todos os convidados estavam presente, sendo recebidos simpaticamente pelo António Sousa, “o senhor dos vinhos interessantes” do Jumbo Almada Fórum e por Mário Pereira e Rui Pinto, da Vinalda, distribuidores dos vinhos da Casa Cadaval, produzidos na Herdade de Muge, destino de mais um passeio vínico organizado pela Garrafeira do Jumbo Almada Fórum.



Ponte 25 de Abril, Eixo N-S, Auto-estrada no Norte e depois a recém inaugurada Ponte das Lezírias, a caminho da Herdade de Muge em plena vila do mesmo nome. Aliás Muge deve a maior parte do seu desenvolvimento à existência desde o século XVII, cerca de 1618, desta quinta que foi empregadora no decorrer dos séculos da maioria dos habitantes da vila e, sazonalmente, de muitos trabalhadores do campo que se deslocavam de terras da Beira Litoral e Beira Baixa na procura de trabalho à jorna.

Estas terras de grande riqueza agrícola, basta referir-se que são atravessadas longitudinalmente em toda a sua extensão pela ribeira de Muge, afluente de rio Tejo, têm origem na partilha territorial que coube a Dom Nuno Álvares Pereira após a Batalha de Aljubarrota. Aliás, este nobre cavaleiro ficou senhor de uma grande maioria das terras de Portugal.

Fomos recebidos na Herdade de Muge por Pedro Dias, da Casa Cadaval, que nos documentou oralmente do historial da Quinta e dos seus proprietários. Curiosamente a Casa Cadaval “é uma casa de mulheres” como teve o cuidado de afirmar, traduzindo o facto da linha sucessória dos Duques de Cadaval ter sido a partir de há muitos anos sempre feita pela linha feminina da família, sublinhando que tal facto se reflecte, inclusive, na qualidade dos vinhos.



No ano de 1953 é plantada nos terrenos arenosos da Herdade e pela primeira vez em Portugal uma vinha somente com a casta trincadeira, iniciativa do marido da duquesa que tendo origem alemã, trazia uma noção de vinhos que ainda não existia em Portugal.

A Herdade de Muge tem uma produção multifacetada, não se limitando aos vinhos, antes produzindo também, girassol, forragens e arroz e dedicando-se à criação de porco preto na zona de sobro já de influência alentejana e de equídeos da raça Lusitana. Por todas estas zonas nos foi dado o grato prazer de visitar para o que nos foi garantido transporte adequado num atrelado puxado por um tractor em que os bancos tinham a macieza de fardos de palha. A gestora da Herdade Dona Teresa Chambord acompanhou-nos gentilmente na muito interessante visita à zona da coudelaria.



Depois de uma cuidada visita à Herdade, o enólogo Rui Reguengo acompanhou-nos no percurso da criação do vinho Padre Pedro, o rótulo mais célebre e celebrizado da Casa Cadaval, dando-nos preciosas indicações dos métodos de fabrico, sublinhando o facto de que o recurso à mais avançada tecnologia vínica não reduz a importância da intervenção humana e não retira aos vinhos nenhuma das características de produção natural, antes coloca os diversos parâmetros de fabrico dentro dos mais correctos e saudáveis limites.



Podemos, assim, tomar contacto com uma prensa para as uvas da mais avançada tecnologia e com a forma como são utilizadas as cubas de fermentação dos mostos em temperaturas rigidamente controladas por forma a se obterem os melhores odores e paladares e a mais correcta cor dos diversos vinhos produzidos. Na zona que antecede o engarrafamento das cerca de 150 a 200 mil garrafas por ano, visitamos a zona de estágio de um ano dos vinhos tintos o que é feitos em barricas de carvalho francês.



[publicaremos oportunamente as notas de prova dos vinhos que estiveram em apreciação]

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sexta-feira, julho 11, 2008

uma doce e saborosa flor


seu sabor e doçura vamos senti-los
no belo fruto de ir à mesa dos reis
em deliciosa degustação


Flor da Goiabeira, Jardins e pomares da Aldeia Lar, Sobreda, Almada - Portugal

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banda do cidadão, 30 anos em portugal

No decorrer da década 1975-1985 desenvolveu-se cada vez mais a legislação europeia sobre a Banda do Cidadão, sendo muitos os países que procederam à respectiva regulamentação.

De facto, após uma fase de desconhecimento e ignorância patenteados por diversas administrações, inclusive uma época de completa proibição, assistiu-se nos anos 80 ao começo da estabilização legal da utilização da Banda do Cidadão.

Nos Estados Unidos verificou-se de forma rápida que os 23 canais inicialmente disponibilizados para esta aplicação eram insuficientes, já que o tráfico habitual haviam saturado a sua capacidade.

A solução foi, na circunstância, ampliar os 23 canais originais para os clássicos 40. Esta normativa chegou, porém, tardiamente à Europa, sendo a Itália o primeiro país a regular legalmente a utilização da Banda do Cidadão, muito embora somente com 23 canais. A situação assumia foros de paradoxal, visto que os equipamentos comercializados eram de origem norte-americana e vinham equipados com os 40 canais, colocando os utentes muito avançados em relação à própria regulamentação.

Em Portugal, a Banda do Cidadão foi legalizada em 1978, a 11 de Julho, através da publicação de um Aviso dos Correios Telégrafos e Telefones, segundo a normativa dos Estados Unidos, passando, desde aí, a ter a legislação mais avançada da Europa, contrariando as recomendações retrógradas da CEPT.

Nesta época, foi determinante a acção dos clubes cebeístas que pressionavam as administrações dos diferentes países, primeiro para a regularização e legalização dos equipamentos já existentes e, depois, para uma adequação às necessidades dos utentes e a aceitação dos equipamentos comerciais que vinham já preparados com potências e quantidade de canais que não estavam de acordo com as normas da época.

O grande desenvolvimento dos finais dos anos 70 teve lugar, portanto, com regulamentações desfasadas ou inexistentes, um grande número de equipamentos não homologados no mercado, numa grande confusão e indefinição.

A falta de uma norma clara de acordo com os próprios cebeístas levou a que os fabricantes norte-americanos e japoneses invadissem o mercado europeu com equipamentos com 80 e 120 canais que não contrariavam nenhuma normativa, visto que pura e simplesmente ela não existia.

O aparecimento desta série de equipamentos a baixo custo e com elevadas prestações somente foi possível com o desenvolvimento de um tipo de circuito electrónico muito barato que podia sintetizar séries de 40 canais com um único cristal de quartzo. Estamos a falar do circuito PLL.

O PLL é um circuito sintetizador de frequência que a partir de um oscilador principal controlado por um único cristal de quartzo e, através de divisores de frequência e de misturadores, pode gerar um grande número de frequências com a precisão e estabilidade de um quartzo sem ser necessário mudar de cristal.

Este desenvolvimento técnico, juntamente com a substituição de transístores por circuitos integrados embarateceu e melhorou a qualidade dos equipamentos, tornando-os extremamente populares.

Quantos aos modos de modulação, sem se abandonar o AM, passou a utilizar-se o FM e as bandas laterais (SSB) com o que se ganhou qualidade com o FM e alcance e rendimento com a segunda.

A recepção fazia-se a partir de um circuito limitador, que consiste na conversão de frequência em tensão, com a qual a modulação original em FM é convertida em AM e posteriormente detectada com um díodo na forma clássica.

Para a operação em SSB o funcionamento era diferente e algo mais complicado: A modulação consistia num único circuito modulador em AM com portadora suprimida mediante um detector de produto, sendo posteriormente suprimida por filtragem a componente indesejada (a inferior para modulação USB e a superior para modulação LSB) e o sinal resultante passava pelo andar amplificador de potência de RF. A modulação ou detecção sofria um processo distinto: O sinal recebido mistura-se com um outro originado num oscilador local que restaura a portadora num circuito chamado misturador balanceado, sinal imediatamente detectado por métodos convencionais.

Esta década representa também a época do grande dinamismo na constituição de clubes da Banda do Cidadão e na grande proliferação de revistas da especialidade, especialmente nos Estados Unidos, em França e em Inglaterra.

Portugal é marcado pelas realizações dos I e II Congressos Nacionais da CB, pela fundação de federações regionais, do Sul e Ilhas, do Centro e do Norte e pela fundação do Caparica CB, o primeiro clube cebeísta em todo o Mundo a ter o estatuto de Pessoa Colectiva de Utilidade Pública.

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quinta-feira, julho 10, 2008

círculos de amor


amantíssima segue a mãe com seus patinhos
na ensinança de bem navergar
em círculos de ternura e de amor


Patinhos no Rio Mondego, Coimbra - Portugal

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de muito amar e querer

Naquele final de dia, que não de vida
Quando o mar beija docemente a areia
Ele, gentil homem sua bela amada enleia
Angelical doçura, olhos de mel, querida

O sol do ocaso sobre os amantes ateia
Desejos profundos de paixão sentida
Faz neles fluir tamanha energia vertida
Do pote mágico eleva-se suave melopeia

Quando o sol se põe é o futuro que começa
Merecida felicidade de muito amar e querer
Percorrendo o caminho que a vida atravessa

No rumo do esplendor do humano ser
A melodia ecoa no espaço qual promessa
E assim será porque assim tinha que ser.

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quarta-feira, julho 09, 2008

energia que é vida


colhe do sol a energia
e toma sua cor
dá vida aos jardins e às gentes


Hibisco laranja dos jardins da Aldeia Lar, Sobreda, Almada - Portugal

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o fogo da vida

a minha opinião
O pessoal da Oficina das Ideias está atento à actualidade política e social de Portugal e do Mundo. Aqui partilhamos o nosso pensar através da análise exclusiva para este espaço.



O ser humano arde em fogo lento nos seus 36 graus e meio [ideia “bebida” nos maravilhosos escritos do Professor Fernando Carvalho Rodrigues], aproximadamente, e desse modo nos consumiríamos em cerca de 120 anos. A nossa chama não é visível pelos nossos semelhantes pelo que para darmos nas vistas teremos que ser iluminados.

As doenças e o amor ardente alteram esta situação acelerando o fogo pessoal reduzindo, então, a nossa vida para bastante menos de 120 anos. Se a doença é algo lamentável o amor ardente é, as mais das vezes, uma troca interessante por alguns anos de não viver.

Se o fogo pessoal é lento e a baixa temperatura, o fogo da vida esse, pelo contrário, é muito intenso e atinge milhões de graus de temperatura. Temos a felicidade de que tem lugar muito longe, o mais aproximado dos quais se verifica no Sol.

O homem na sua ânsia de poder e de riqueza atua por forma a que reduz em muitas situações o benéfico efeito do fogo da vida. Tem destruído elementos naturais de grande importância para o aproveitamento do fogo da vida, como sejam as florestas com destaque significativo para a região da Amazónia.

O efeito imediato é o aumento das doenças, a redução do efeito do fogo da vida, a redução drástica do tempo em que no nosso fogo lento nos consumimos. Mas o responsável não é o homem em termos gerais. Há responsáveis a que apontar o dedo!

Quando com o Protocolo de Quioto se pretende evitar uma autêntica catástrofe para a Humanidade obrigando os países a reduzir as emissões poluentes, o Presidente Bush nega-se a subscrevê-lo. Diz que não subscreverá qualquer documento do mesmo tipo e com os mesmos objectivos.

A doença espreita todos os deslizes do ser humano. A saúde é um direito de todos nós, independentemente da capacidade financeira e do extracto social a que pertencemos. Quando se sente ameaçada a concessão dos cuidados primários de saúde as pessoas unem esforços para evitá-lo.

Contudo, critérios economicistas de gente que não sente as carências do Povo, encerrados que estão em redomas de cristal, assim poderemos chamar aos seus gabinetes decorados por profissionais, estanques ao sentir da vida, isolados da realidade, não levam em consideração os problemas de saúde que as suas próprias políticas globalmente provocam.

E ao protesto do Povo sentido respondem com desprezo: “isto são coisas de comunistas...” como era uso fazer a “propaganda” do Estado Novo.

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terça-feira, julho 08, 2008

a primavera e a paz


nas mãos da primavera esvoaçam
pombas da paz desejada
a esperança da renovação do pensar e do sentir


Estátua alusiva à Paz, jardins do Centro Cívico de Carnaxide, Oeiras - Portugal

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a nobreza e o clero

o mote:

"Padre Pedro", o vinho
"Casa Cadaval", o produtor


a resposta:

Nas terras do Tejo arriba.
Do tonel espichou desejo,
Ao bendito vinho tinto,
Ganhou prémios, benfazejo,
Este néctar tão distinto
.


o poema:

Em eras que a bruma esconde,
Quando cantava o rouxinol,
Na casa farta do conde,
Havia campos de sol.
Nas terras do Tejo arriba.

Um cónego mui sabedor,
Dos gostos que a vida tem,
Fez da adega altar-mor,
Para pregar e fazer bem.
Do tonel espichou desejo.

Pedro é a sua graça,
Por baptismo e devoção,
Para a história da vinhaça,
Por sua grande paixão.
Ao bendito vinho tinto.

Sua fama no além Tejo,
Depois a raia passou,
Bebido em desvario e desejo,
P’lo reis que victor cantou.
Ganhou prémios, benfazejo.

Este tinto vinho divinal,
Bebido pelos reis à mesa,
Do Padre Pedro clerical,
Da Casa Cadaval nobreza.
Este néctar tão distinto.

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segunda-feira, julho 07, 2008

uma flor para a... são


muitas felicidades neste dia que passa
venturas, afectos, encantos mil
na ternura das palavras dos amigos


São é uma blogo-amiga de longa data que tem o blogue "O que eu quero..." (EspectacológicaS)

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na galé dos manos

sentados à mesa... gostámos
Viajar pela rota dos saberes, feitos de odores e sabores, numa partilha da degustação de comidas e de bebidas em casas de pasto, ao ritmo do coração


[clicar nas imagens para visualização completa]






Costuma muitas vezes dizer-se que uma boa comida faz bons amigos. Num número semelhante de ocasiões é afirmado que a reunião de um grupo de bons amigos dá origem a uma boa comida. Na verdade, o pleno é realizado na conjugação destas duas verdades, juntarem-se bons amigos à volta de uma boa comida, os olhos brilham deste bem-estar conseguido.

A reserva da mesa foi feita alguns dias antes e as vitualhas a degustar escolhidas com a antecedência necessária a serem confeccionadas na madorna do tempo que passa que lhes irá dar consistência sabores e cheiros que só uma cozinha séria e competente o pode conseguir.

Numa zona tradicional da Lisboa ocidental, em sítios que já foram de quintas e palácios, de hortas e de piqueniques, onde na primeira metade do século passado havia corrupio na procura das típicas tascas dos arrabaldes, seis comensais, amigos sobretudo, entraram n’A Galé dos Manos e foram recebidos atenciosamente pelo senhor Jaime.


Às entradas não se fizeram rogados a umas tacinhas de manteiga batida com salsa e alho na consistência esperada para espalhar nas tostas que as acompanhavam e um queijo especial aquecido em azeite com orégão de “comer e chorar por mais”.


O prato de sustância, Arroz de Peixe assim chamado, veio para a mesa num tacho de três doses, quantidade abastada para os seis comensais, que ao retirar da tampa se transformou numa fonte de cheiros de mar e de maresia e nos surpreendeu pela cobertura que trazia de muita alegria para os olhos, pleno de rosados camarões.

Estava garantido o prazer da degustação “ajudada” por cerveja gelada vertida em especiais canecas de metal de formato e construção que pareciam gelar mais a cerveja com o passar do tempo mantendo a sua vivacidade o tempo necessário a ser bebida.


Completado o repasto com doçaria adequada às restrições calóricas, sublinhada com um aromático café e nos rostos a satisfação de um belo encontro de amigos. Dos comensais amigos sentados à volta da távola aqui fica o registo nomeado: Lucília, Cynthia, Lila, Teresa, Victor e Victor.


À vossa saúde!!



A Galé dos Manos
Estrada do Calhariz de Benfica, 182 – Lisboa
Marcações: 217 742 817
Encerra Sábado de tarde e Domingo

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domingo, julho 06, 2008

à beira rio


muito bela na frescura do alvorecer
vê passar águas muito límpidas
no caminho da foz, do rio maior


Florinha à beira do Rio Ceira, Parque do Cerejal, Góis - Portugal

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góis, capital do rio ceira

o meu caderno de viagens

Pequenos apontamentos rabiscados num caderno de viagem e agora partilhados com os leitores. Os sítios, as gentes, os costumes e as curiosidades observados por quem gosta de viajar na procura das estórias que o Povo conta.

[clicar nas imagens para melhor visualização]




Na margem direita do rio Ceira, no termo da vila de Góis, existe um espaço acolhedor e aprazível que as gentes da terra e os forasteiros sonharam ser lugar de convívio e de merendar, um excelente ponto de partida para uma caminhada que nos levará até à zona histórica de génese medieval. Chamam-lhe o Parque do Cerejal, bonito nome para tão agradável local.


Antes porém, a chama bruxuleante dos assadores de carvão, o rodar lento do espeto onde duas ou três pernas de porco vão ganhando a cor que anuncia uma saborosa degustação e os odores que impregnam o espaço envolvente, é prenúncio de que os estômagos serão devidamente aconchegados antes da caminhada se iniciar.


As margens do rio Ceira ladeadas por salgueiros, choupos e amieiros que parecem querer chegar ao céu no seu desenvolvimento vertical são de uma frescura ímpar, convidando ao passeio e à tranquila conversa. Pelo caminho cruzamo-nos com diversas capelas e alminhas facto que não deixa qualquer dúvida de que estes percursos foram caminhados vezes sem conta, na grande estrada que ligava o sul de Portugal a terras de Compostela, numa das principais rotas do Caminho de Santiago.


De súbito, somos surpreendidos pela visão de uma ponte de arcos românicos que alguns passos mais à frente se mostra em todo o seu esplendor. A “Ponte Real” mandada construir pelos reis D. Manuel I e D. João III ( uns estudiosos chamam-lhe “ponte manuelina”, outros designam-na como “ponte joanina”) no século XVI, cerca de 1533, atravessa o rio Ceira ligando terras de laranjal numa das margens a uma zona de serra, passado o vale do rio, onde se destaca a capela votiva ao Mártir S. Sebastião, de traçado hexagonal, contrastando a sua brancura com o verde da arborização serrana.


Uma bem cuidada esplanada é espaço de lazer, diria mesmo em muitos casos “de sesta”, e para gáudio da miudagem espaço de refrescantes mergulhos no caudal do rio Ceira, num constante vaivém entre o açude, a praia da ilha e as margens do rio. Seguimos pela rua dos Figueirais, tantas são as vias que tomam nomes de flores e frutos, e subimos até ao largo da Igreja Matriz, votiva de Santa Maria Maior, constituída por capela e torre sineira separadas em arrojado conjunto arquitectónico. Gerir os conflitos locais entre o padre, a comissão fabriqueira e a “senhora que sempre tem uma chave da igreja” é garantir que a visita ao seu interior se realiza.


A Dona Suzana foi prestimosa em conseguir a chave para visitarmos o interior da igreja, cuja construção corresponde a diferentes momentos, nomeadamente nos séculos XV, XVI e XIX. É composta por nave central, capela-mor e duas capelas laterais, do lado do Evangelho a Capela de S. José e do lado da Epístola a Capela das Almas, sacristia e antiga sacristia. No interior destaca-se, entre outras obras de arte, o imponente túmulo de D. Luís da Silveira, com a curiosidade da sua figura ter sido esculpida na posição de genuflexão e não deitada como é da tradição arquitectónica tumular.


Soberba vista se tem desde o largo fronteiro à Igreja Matriz. Quase em frente, um pouco para a direita, por entre o denso arvoredo podemos apreciar a Capela do Castelo, como é conhecida a Ermida de Nossa Senhora da Assunção construída no século XVI, ao estilo manuelino, por vontade de D. Luís da Silveira, 17º Senhor de Góis e 1º Conde de Sortelha. Se olharmos para a esquerda temos uma visão perfeita de uma imensa massa rochosa, designada Pena de Góis.



A zona histórica de Góis é constituída por muitos pormenores de origem medieva que nos encantam e absorvem. Uma referência ao que no nosso modesto entender se poderia considerar o ex-libris da “capital do rio Ceira”: a Cisterna do Pombal. De planta quadrangular simples, com cobertura piramidal, apresenta uma abertura neste momento protegida com uma porta de vidro. No interior, as paredes estão revestidas na sua totalidade com azulejos hispano-árabes de aresta, possivelmente com origem numa fábrica de Sevilha, policromos e de padrões geométricos formando uma rosácea. Com alguma “arte” poder-se-á afastar a porta de vidro para uma melhor observação destes belos azulejos.

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