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sexta-feira, outubro 31, 2008

a romã coroada

coroei a romã princesa
para me acompanhar na fantasia
desta noite de magia



Bagos de romã, medronhos da Aldeia e outros frutos, composição fotográfica de Olho de Lince

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noite das bruxas - dia do saci

Há muitos anos atrás, nas terras verdejantes e húmidas da Irlanda, vivia um camponês, de seu nome Jack, que ganhava a vida com um próspero negócio de nabos, de que possuía uma vasta plantação. O Diabo perseguia-o com tentações a que o camponês ia resistindo.

Usando das suas artimanhas o camponês conseguiu que o Diabo subisse para o alto de uma árvore. De pronto, empunhando um machado esculpiu na árvore um enorme crucifixo aprisionando o Satanás.

Este, velho e sabido, propôs um pacto ao camponês. O camponês limpava o crucifixo da árvore, libertando-o, que este nunca mais o perseguiria com tentações. O camponês aceitou e o pacto se cumpriu.

Um dia o camponês morreu. Como pecados não tinha dirigiu-se ao Céu. Mas aí não foi aceite pois tinha em vida feito um pacto com o Diabo. Sem alternativa, dirigiu-se ao Inferno onde foi, igualmente, rejeitado, pois em vida nunca tinha sido pecador.

Sem ter para onde ir, Jack foi condenado a vaguear eternamente entre os vivos e regressou à Terra cheio de vergonha tentando esconder-se à curiosidade e desdém dos que por cá tinham ficado. Condenado a ser visível de 31 de Outubro para 1 de Novembro encontrou como solução disfarçar-se cobrindo a cabeça com um enorme nabo oco e onde abriu uns olhos e uma boca.

Então, ele implorou a Satã que acendesse brasas para iluminar seu caminho. O Diabo deu-lhe um pequeno pedaço de carvão incandescente. Para proteger a luz, o irlandês colocou o carvão dentro do buraco do nabo. Surgiu assim o "Jack o'Lantern" (Jack da Lanterna) como é conhecido. E, assim, dessa forma, os irlandeses comemoram a noite de “halloweene” desde os tempos imemoriais.

Quando os irlandeses emigraram em massa para os "states" levando consigo as suas tradições depararam-se com a existência de coloridas abóboras que foram adaptando à tradição, em substituição dos nabos.


Uma outra origem da “Noite das Bruxas” encontra-se no facto de para os Celtas, o dia 31 de Outubro ser o dia fora do tempo, pois o calendário iniciava-se no dia 1 de Novembro e terminava no dia 30 de Outubro. Este dia então era considerado o dia em que o espaço entre os dois mundos deixava de existir, e os mortos nos vinham visitar. Estamos a falar do “Samhain” (que se pronuncia “sou-en”) e marcava o fim do Verão (samhain significa literalmente "fim do verão" na língua celta).

Samhain é também o antigo Ano Novo celta/druida, o início da estação da cidra, um rito solene e o festival dos mortos. É o momento em que os espíritos dos seres amados e dos amigos já falecidos devem ser honrados. Houve uma época na história em que muitos acreditavam que era a noite em que os mortos retornavam para passear entre os vivos. A noite de Samhain é o momento ideal para fazer contacto e receber mensagens do mundo dos espíritos.

Era no Samhain que os druidas marcavam o seu gado e acasalavam as ovelhas para a Primavera seguinte. O excesso da criação era sacrificado às deidades da fertilidade, e queimavam-se efígies de vime de pessoas e cavalos, como oferendas sacrificiais. Diz-se que acender uma vela de cor laranja à meia-noite no Samhain e deixá-la queimar até o nascer do sol traz boa sorte; entretanto, de acordo com uma lenda antiga, a má sorte cairá sobre todo aquele que fizer pão nesse dia ou viajar após o pôr-do-sol.

A ideia de usar um nabo surgiu com os Celtas, povo que se espalhou pela Europa entre 2 000 e 100 a.C. Um dos símbolos do seu folclore era um grande nabo com uma vela espetada.

A versão cristã do Samhain é o Dia de Todos os Santos, 1 de Novembro, que foi introduzido pelo Papa Bonifácio IV, no século VII, para substituir o festival pagão. O Dia dos Fieis Defuntos que se celebra a 2 de Novembro é outra adaptação cristã ao antigo Festival dos Mortos.

As nossas crianças, os meus netos, nunca conheceram a magia do "pão por Deus" que fazia andar bandos de crianças no dia 1 de Novembro, dia de Todos os Santos, de porta em porta, de vizinho em vizinho, pedindo figos, nozes e outras guloseimas. Nossa culpa!

Os norte americanos, “povo culto e de profundas tradições!”, logo trataram de exportar esta festividade para a Europa, como sempre entrando pelo norte de velho continente, provavelmente pela Suécia, estando agora em moda em Portugal. Negócio é negócio!

O mesmo aconteceu em relação ao Brasil. Acontece que o governo brasileiro não aceitou de bom grado esta “colonização” cultural feita a partir de um país onde ela é escassa, quando o Brasil é terra de muita tradição e cultura. No ano de 2005 o governo brasileiro criou um evento de cariz nacional o Dia do Saci, precisamente no dia 31 de Outubro, por forma a contrariar a referida “colonização cultural” e recorrendo a uma lendária figura “o Saci”, também conhecido por “Saci Pererê”.

As tarefas desta “divindade” estão relacionadas com o aproveitamento do que a Natureza nos oferece, especialmente ervas medicinais, pelo que lhe compete a preparação de chás, mezinhas e beberagens utilizadas para melhorar as condições de vida das pessoas. Mas o Saci é, igualmente travesso e endiabrado, contudo, guardião das matas e florestas.

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quinta-feira, outubro 30, 2008

chaminé em azul e branco

altaneira como a torre do castelo
símbolo de muita nobreza
é uma marca da história



Chaminé forrada a azulejo, Tomar - Portugal

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caminhar

Há dias que são assim
Caminhas pelos trigais
Que doirados deveriam ser
Só encontras lamaçal
Não tens nada a perder
De que servem os teus ais
Se não afastam o mal
Que chega em torvelim

Continua a caminhar
Numa senda de esperança
Um dia não muito longe
No cruzamento da estrada
Vais por certo encontrar
Um romeiro ou um monge
Cabelos brancos bonança
Que te indica a morada

Com tuas ásperas mãos
Do trabalho do sofrer
Vais sentir suavidade
Ao tocares o rosto querido
Não tens nada a perder
Em saberes a humildade
Do amor que foi vivido
Neste mundo em construção.

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quarta-feira, outubro 29, 2008

cenografia

formam um colorido cenário
digno da mais requintada sessão fotográfica
são simplesmente parras de videira brava



Videiras bravas no muro da Mata dos 7 Montes, Tomar - Portugal

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pão por deus

As nossas crianças, os meus netos, os miúdos da cidade nunca conheceram a magia do "pão por Deus" que fazia andar bandos de crianças no dia 1 de Novembro, dia de Todos os Santos, de porta em porta, de vizinho em vizinho, pedindo figos, nozes e outras guloseimas.

_Ó Vizinha, dê o “Pão por Deus”!

O consumo desenfreado e a globalização económica geram o esquecimento das coisas simples e da nossa tradição. Mas valerá sempre a pena, apesar de tudo, pedir o “pão por Deus” numa cabeça de abóbora ou num chapéu de bruxa.

Mas na tradição portuguesa o “pão por Deus” era guardado num saquinho de pano que tempos antes a nossa mão ou a nossa avó preparavam com todo o cuidado com uma sobra de chita de algum trabalho de costura.

Ainda hoje nas aldeias mais recônditas, de manhã bem cedinho, no dia de Todos os Santos, as crianças saem à rua em pequenos grupos para pedir o "Pão por Deus". Caminham assim por toda a povoação e ao fim da manhã voltam a casa com os sacos de pano cheios de romãs, maçãs, bolachas, rebuçados, castanhas, nozes e, por vezes, até dinheiro.

Esta prática era realizada por miúdos de famílias mais modestas e procuravam sempre visitar os mais ricos da terra para poderem trazer algumas guloseimas que noutras épocas do ano nunca conseguiam obter. Recordo-me que havia o costume de confeccionar para oferecer nesta época uns bolos em formato de ferradura e com um agradável sabor a erva-doce.

Estas andanças de porta em porta eram sempre acompanhadas com cantilenas que continuam na memória colectiva

"Pão por Deus,
Fiel de Deus,
Bolinho no saco,
Andai com Deus.
"

Ou então, como me recordou a minha boa amiga Sonyah:

"Bolinhos e bolinhós
Para mim e para vós
Para dar aos finados
Qu'estão mortos, enterrados
À porta daquela cruz

Truz! Truz! Truz!
A senhora que está lá dentro
Assentada num banquinho
Faz favor de s'alevantar
P´ra vir dar um tostãozinho.
"

(quando os donos da casa dão alguma coisa, vem a resposta...)
"Esta casa cheira a broa
Aqui mora gente boa.
Esta casa cheira a vinho
Aqui mora algum santinho.
"

(quando os donos da casa não dão nada, é a ira da miudagem...)
"Esta casa cheira a alho
Aqui mora um espantalho
Esta casa cheira a unto
Aqui mora algum defunto.
"

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terça-feira, outubro 28, 2008

doce paixão

flor bela mas complexa
como o é uma grande paixão
entre o travo e a doçura



Flor do Maracujá (Passiflora karmesin), dos jardins da Casa Perninha, Tomar - Portugal

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ocultas mensagens

Regressamos, espiritualmente, por momentos, ao Aqueduto dos Pegões Altos, em Tomar, mais concretamente à mãe d’água,


a primeira para quem se aproxima vindo da Mata Nacional dos 7 Montes, para observar com mais atenção os elementos simbólicos que aí se encontram, à vista de um olhar mais atento:



Cúpula de abóbada perfeita


Janela voltada a Poente


Cruz de Cristo vertical exterior no topo da cúpula


Cruz de Cristo deitada interior no “fecho” da abóbada


Aldraba de cruzeta em ferro na porta gradeada do mesmo material



Não pretendemos, nem capacidade e saber para tal possuímos, fazer uma análise cabalística dos mesmos, mas não temos dúvidas de que transmitem ondas exotéricas ao ponto de sermos “forçados" a escrever este apontamento.

Estamos a cumprir o designio de evidenciar a beleza e imponência do Aqueduto dos Pegões Altos, peça arquitectónica fundamental para a “leitura” da presença dos Templários na Península Ibérica e tão olvidada por quem a deveria divulgar e enriquecer.

Mas estamos, de igual modo, a chamar a atenção do visitante para estes cinco símbolos, uma quina, da Bandeira e tradição portuguesas. Junta-se a este pensamento o 7, de 7 Montes, símbolo do planeta Terra.

Quantas mensagens ocultas não se encontrarão no Aqueduto dos Pegões Altos? A merecerem ser estudadas para bem do Conhecimento e do saber.

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segunda-feira, outubro 27, 2008

novos países visitam a oficina

Antigua & Barbuda
Nova Caledónia
Trinidad & Tobago



A Oficina das Ideias já foi visitada por 152 países dos 199 existentes

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águas livres do aqueduto dos pegões altos

Caminhando se faz o caminho
Por veredas e carreiros, ora na sobra de arvoredo e até de enormes silvados, ora por ensolarados caminhos nos cabeços das áridas serranias, percorrer montes e vales ao sabor das dádivas da Natureza e lavar o espírito com o sentir das gentes locais e com a magnificência do património construído.





Na senda das águas livres podemos sempre seguir dois diferentes percursos. Ou acompanhamos os sinuosos caminhos que a água toma, traçados há milhares de anos quando cataclismos naturais deram a configuração orográfica actual ao planeta. Ou caminhamos no sentido contrário na procura da nascente, esse fio de água que no caminhar vai ganhando corpo e beleza na procura do destino que é a foz

Foi este último o caminho seguido para irmos ao encontro do aqueduto dos Pegões Altos, construído para trazer água até ao Convento de Cristo em Tomar, pelo que iniciámos o nosso caminhar na antiga Cerca do Convento, hoje Mata Nacional dos 7 Montes.





Nas sombras de variegada vegetação, enriquecida quando foram trazidas inúmeras espécies arbóreas da mística Serra de Sintra, percorremos caminhos marcados por poderosas raízes, mas que a folhame e milhares de bolotas caídas dos carrascos e azinheiras conseguem amaciar. O caminho de bolotas que significa a “via seca” dos Franciscanos.

No topo da zona ajardinada e com canteiros de flores encontramos a designada Charolinha.





A Charolinha é uma construção circular que foi buscar o seu nome às parecenças que tem com a célebre Charola do Convento de Cristo e cuja construção culmina com uma cúpula esférica, totalmente construída em pedra de cantaria. Uma pia no seu interior recebe águas trazidas nas “levadas” existentes na Mata Nacional e, muito em especial, de uma mina de água existente na sua proximidade.

Ao lado da Charolinha existe a única nascente que brota do interior da Mata e que alimenta o lago artificial onde se encontra construído o pequeno templo que tem como elementos decorativos pilastras e capitéis jónicos.





Após uma subida que contorna num plano superior o conjunto arquitectónico designado por Charolinha, chegamos a um enorme reservatório de rega cuja água é transportada pelo aqueduto dos Pegões Altos, antecedido por uma mãe-d’água que faz a separação do precioso líquido destinado ao Convento de Cristo. A este conjunto e atendendo a forma arquitectónica como se desenvolve no terreno é dado o nome de “Cadeira d’El-Rei”.





Toda a movimentação das águas dentro da Mata Nacional dos 7 Montes é feita com a utilização de uma rede de caleiras, as “levadas”, onde a água se desloca por acção da gravidade.





A saída da Mata Nacional dos 7 Montes, na zona cimeira, é feita junto a um magnífico arco de volta inteira do Aqueduto dos Pegões Altos, encimado por um coruchéu característico e muito interessante.





Atravessada a estrada de alcatrão, deixando para as costas uma magnífica vista do Convento de Cristo, e regressando às veredas traçadas entre vinhedos e olivais, sempre acompanhados dos agradáveis aromas das ervas de cheiro, entre as quais o funcho, deparamo-nos com a imagem de um lanço de aqueduto constituído por diversos arcos de volta inteira.





Uma ou duas centenas de metros mais além a visão alarga-se para todo o vale de Pegões Altos, com o imponente lanço de aqueduto constituído por 58 arcos de volta inteira, na sua parte mais elevada, sobre 16 arcos ogivais apoiados em pilares, atingindo no máximo a altura de 30 metros.





Uma mãe-d’água no início e outra no final deste lanço de aqueduto marcam a monumentalidade de um dos maiores aquedutos de Portugal, peça digna de uma atenta visita e tantas vezes esquecido pelos roteiros turísticos. Estas mães-d’água são casas abobadadas que têm no centro uma pia destinada à decantação das águas.







A “Aldeia Lar”, da Sobreda, Concelho de Almada, organizou uma caminhada a toda esta zona de encantamento, uma agradável jornada de convívio, gastronomia e cultura. Tivemos a felicidade de participar e aqui fica a nossa sentida gratidão.

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domingo, outubro 26, 2008

no caminho do inverno

folhas castanhas ressequidas
depois doiradas, mais tarde verdes
o ciclo do tempo que se cumpre



Folhas secas da Mata dos 7 Montes, Tomar - Portugal

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a invernia marca a hora

No meu sótão há muito que parara o desassossego dos melros a piarem em fim-de-dia em cima do telhado e chegara o silêncio quebrado unicamente pela melodia de uma música a sair pelas colunas de som do computador. Mão amiga me fizera chegar acordes de Mantovani.

De súbito a agitação... Olhei o relógio de pulso... 2 horas da madrugada!

Dezenas de contadores de tempo que fui juntando com o passar dos anos reagiam cada um à sua maneira à institucionalizada “mudança de hora”. Chegado o momento de, cada um de nós, “ganhar mais uma hora de vida” (logo, logo, seis meses depois perdida), dar um passo para entrarmos no chamado “horário de Inverno”, aqui no hemisfério Norte e, concretamente, em Portugal.

Os computadores, o de mesa e o portátil, que foram registando conhecimentos com o passar do tempo, ou com o tempo que passa, não necessitaram de qualquer intervenção, trataram da sua vida. Os despertadores de corda manual, preocupados unicamente com os ponteiros de marcar o tempo, pois o de despertar manter-se-á na mesma posição, pediam somente um pouco mais de corda para a hora de trabalho adicional. Os de pilhas e cristal de quartzo, somente a carecerem de que os ponteiros retrocedessem uma hora.

Depois... os contadores de tempo “muito especiais”...

Um relógio de Sol, conservador no sentir, quer lá saber disso da “hora legal”! Quer é o Sol de cada dia para desempenhar a sua função!

Uma ampulheta que deseja comemorar a ocasião e que pede para que lhe demos uma “viradinha” que ela de encarregará de lentamente deixar passar um a um os grãos de areia...

E o relógio de pulso da marca “Romano” em metal dourado e correia de pele natural? Bom esse magnífico relógio vindo ali das bandas do Cais do Sodré, pela mão do meu amigo Silva, do British Bar, esse para atrasar uma hora terei que o adiantar....

Alguns minutos depois das 2 horas, seriam então 1 hora e 5 minutos, o sossego voltou ao meu sótão, como é próprio do adiantado da hora.

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sábado, outubro 25, 2008

um olhar de outros tempos

olhar os campos de riba tejo
duma secular janela construída
na mãe d'água do aqueduto



Janela da "mãe d'água" do Aqueduto dos Pegões, Tomar - Portugal

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na senda do "tempo de pedra" 7

na senda do “Tempo de Pedra”
O adro da igreja é o centro do universo nas pequenas aldeias. Lugar de conversa, de passar notícias e de aumentar um ponto a um conto, é sítio de mercar a jorna e de adquirir alguns pertences. É no adro da igreja que o tempo passa. Para contar o tempo que passa e para marcar o ritmo da vida existe o relógio de sol à vista de todo o Povo.


no Edifício do Posto de Turismo - Tomar

O Posto de Turismo de Tomar encontra-se instalado num edifício ao estilo do revivalismo historicista do gosto neo-renascença, e foi construído em 1933 e inaugurado em 1940. Este edifício tinha como finalidade original um posto de turismo, mas mais tarde também veio a ser museu, o “Museu Municipal João de Castilho”. Este tinha como finalidade encontrar e concentrar objectos valiosos acerca de pintura Naturalista portuguesa bem como algumas esculturas. A zona museológica encontra-se, actualmente, encerrada servindo a função primeira de Posto de Turismo.



O relógio de sol encontra-se implantado no cunhal do lado direito posterior do edifício, sendo fácil a sua leitura a partir do nível do solo, mesmo no lado oposto da rua em que si situa. Fica muito próximo de uma zona de eleição citadina na entrada principal para a Mata dos 7 Montes.



O relógio de sol é constituído por dois mostradores do tipo vertical, um meridional, isto é, voltado a Sul, e outro oriental, ambos talhados em pedra, com os gnómons triangulares em ferro e as marcações horárias são gravadas em numeração árabe. No relógio vertical meridional pode ler-se a inscrição “NE VIATOR ABERRET”, no relógio vertical oriental está gravada a seguinte inscrição: "ILIE TERRARVM MIHI PRAETER OMNES ANGVLVS RIDET”.





Para saber mais:
As Sombras do Tempo
Wikipédia
Observatório dos Relógios Históricos de Lisboa
Relógios de Sol, de Nuno Crato, Suzana Metello de Nápoles e Fernando Correia de Oliveira – edição CTTCorreios


“Tempo de Pedra” anteriores:
na Igreja de S. João Degolado, Terrugem, Sintra
na Igreja de S. João Baptista, S. João das Lampas, Sintra
na Capela de Santo António, Carvoeira, Mafra
na Ermida de Nª Sª do Ó, Carvoeira, Mafra
na Igreja de Santo Isidoro, Santo Isidoro, Mafra
na Casa de Sanzim, Sto. Amaro, Guimarães

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sexta-feira, outubro 24, 2008

flor da paixão

é flor de paixão... arrebatada
de entrega total e muito querer
de dádiva ilimitada, de amor



Flor do Maracuja, dos jardins de Valle do Rosal, Charneca de Caparica, Almada - Portugal

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arrebiana de vinhais

Em tempo de castanhas...




Jogado essencialmente nos longos serões de Inverno, na arrebiana participam dois jogadores. Um deles, sem que o outro veja, coloca um determinado número de castanhas assadas entre as duas mãos fechadas em forma de concha e dirige-se ao outro jogador dizendo:

- “Arrebiana”
- “Sobressaltanha” - Responde o interlocutor
- “Sobre quantas?” - Pergunta o primeiro
- “Sobre x” (sendo x o número de castanhas que o outro supõe estarem nas mãos fechadas do primeiro).

Terminado este diálogo, contam-se as castanhas que estavam na concha da mão e, inevitavelmente, pode acontecer uma das seguintes coisas: se o jogador que adivinhou acertar, fica com todas as castanhas que o outro participante tinha nas mãos; se não, é obrigado a dar a diferença ao outro. Por exemplo, se o palpite era 10 castanhas e na concha da mão estavam apenas 4, então, o outro jogador teria direito a receber 6 castanhas.

Jogo tradiccional, maravilhoso na sua singeleza e óptimo para aquecer as mãoes em tempo de "outonalidades".

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quinta-feira, outubro 23, 2008

casas tradiccionais

o priemiro andar é de granito, forte
os pisos superiores de madeira
tradição e suavidade de linhas



Construções tradiccionais, Centro Histórico, Guimarães - Portugal

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no outono floriu uma rosa

No Outono floriu uma rosa no jardim.
A mais bela e suave entre todas elas
Com tonalidades raras de cor carmim
As pétalas maravilhosas e muito belas.

O muito querer contrariou a Natureza.
O Outono é agora luminosa Primavera
No sentir dos amantes brilha a certeza
O sonho é a realidade de quem espera.

Olhos de mel, sensuais lábios de carmim
Desenho com as pétalas frescas e suaves
Artista inspirado em teu corpo sensual
Do profundo sentir esplendoroso festim.

Com tamanho esplendor e divinal beleza
Sonhei espaços infinitos, sublime sentir
Pétalas esvoaçam ao vento com leveza
Quais suaves beijos que iluminam o devir.

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quarta-feira, outubro 22, 2008

granitos da penha

gigantescos maciços graníticos
dádiva das entranhas da montanha
fragas da penha mágica



Maciços graníticos, Montanha da Penha, Guimarães - Portugal

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novos indicadores de leitura

De acordo com os critérios editoriais da Oficina das Ideias criamos, frequentemente, novos apontadores de leitura. Três razões fundamentais nos levam a essa decisão:

1 – Pela qualidade extraordinária que encontramos em determinado blogue, de acordo com a nossa avaliação pessoal;
2 – Como reconhecimento aos comentários que são deixados nos posts da Oficina das Ideias;
3 – Em resultado da permuta de indicadores de leitura.

Esta permuta desinteressada de indicadores de leitura é uma das características mais positivas da blogoesfera e de quem a utiliza com espírito construtivo e solidário que coloca acima dos seus pessoais interesses a satisfação dos leitores.

Damos conta, de seguida, de alguns dos mais recentes, solicitando a todos os companheiros da blogoesfera que estando abrangidos pelos critérios referidos não tenham o respectivo indicador de leitura na Oficina das Ideias que nos façam chegar essa informação.


Novos indicadores:

Palavras em Desalinho, de Carla (Portugal) – “...uma mão de bruma... e outra de coisa nenhuma”

O PreDatado, de V.M. Alves Fernandes (Portugal) – “Datei antes de editar”

Médio Tejo, de Ana Paredes Cardoso (Portugal) – “Património Edificado”

Cara Nova, de Cadinho e Raquel (Brasil) – “Jeito outro de ler a vida...”

Sopas de Pedra, de Galopim de carvalho (Portugal) – “... temas de natureza científica e pedagógica... ...uma vez por outra, uma receita culinária...”

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terça-feira, outubro 21, 2008

papa-léguas

"marco zero" da cidade berço
obra de arte e utilidade
para o caminhante "papa-léguas"



Marco "conta léguas", Centro Histórico, Guimarães - Portugal

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rosas de outono...

...têm um aroma diferente


Abeirei-me da roseira
“Príncipe Negro”
Vermelha
Senti o seu aroma
Tão intenso
Tão diferente
Agora que é Outono
De calendário marcado
Mas o Sol tão fagueiro
Extrai orientais
Odores
Realiza o estabelecido
Une sentires
Amores
Centro do mundo
Encontro
De quem bem se quer
Valle Rosal
Jardim
De mil flores

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segunda-feira, outubro 20, 2008

de granito construída

o granito é a base da construção
destas belas casas que o povo habita
as madeiras são o seu conforto



Casas tradicionais, Guimarães - Portugal

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os batentes “mão de fátima”

A Oficina das Ideias tem publicado, em ocasiões diversas, imagens de batentes recolhidas fotograficamente em portas que mantêm a tradição, em diferentes regiões do nosso País. Trata-se de um trabalho de pesquisa e recolha do nosso amigo/irmão/gémeo Olho de Lince.

São variadas as fontes de inspiração dos escultores/ferreiros na criação destas interessantes peças do nosso património imaterial: antropomórficas, do reino animal, no reino vegetal e do imaginário místico e fabuloso. Todas elas terão um significado que vai muito para além do que o olhar de um simples passante pode alcançar.

Um dos mais interessantes batente, na nossa modesta opinião, e que temos publicado com alguma frequência é aquele que representa uma mão e que muitos estudiosos do tema usam designar por “Mão de Fátima”, com a curiosidade de muitas vezes apresentarem um anel, nem sempre no dedo anelar. Outras vezes é simplesmente a mão lisa de qualquer adorno.



Muitos leitores da Oficina das Ideias e de outros blogues que dedicam a atenção a estas peças tão vulgares nas aldeias, e em tempos idos quando a electricidade ainda não havia chegado aos lares, em todas as localidades, se interrogam da relação existente entre a designação de “Mãos de Fátima” e o culto tão português a Nossa Senhora de Fátima, em terras da Cova da Iria.

Acontece que a existência e utilização deste tipo de batente é muito anterior à evocada “aparição de Nossa Senhora aos pastorinhos”, dizem os entendidos, Nossa Senhora do Rosário, depois modificada para “de Fátima” que terá tido lugar no ano de 1917 e ainda hoje fonte de polémica quanto à sua realidade.

A mão é um símbolo fatimida, com génese em Fátima, a quinta filha de Maomé, muitas vezes com o sentido de “pare!”, donde a designação de “Mão de Fátima”, “tendo muito a ver com o “tesouro”, convidando a quem julgue possuir a “senha” para o desenterrar a pensar muito bem se está na hora de o fazer...”.

Assim acontece nas portas das casas, dos lares, o “tesouro”, em que o batente “Mão de Fátima” convida a primeiramente chamar o dono “truz! truz! Está alguém?” e somente depois entrar.



Leitura recomendada:
Sintra Serra Sagrada, de Vítor Manuel Adrião, Livros Dinapress, 2007

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domingo, outubro 19, 2008

flores de outono

floresce no outono em plenitude
rubro para completar a paleta dos doirados e castanhos
vitalidade prometida na próxima primavera



Flores vermelhas de Outono, Jardins de Valle do Rosal, Charneca de Caparica, Almada - Portugal

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marcha lilás feminino

Realizou-se neste fim-de-semana em Vigo, na Galiza, uma manifestação designada “Marcha Mundial das Mulheres” em defesa da igualdade de géneros, pela solidariedade e contra a violência sobre as mulheres.

Embora sejam tudo exigências para situações constitucionalmente defendidas, na verdade são parcamente respeitadas pelas instituições públicas e privadas e pelas próprias pessoas, na vivência real.

Foi uma marcha de largos milhares de mulheres, onde muitos homens também disseram “presente!”, a exigir às entidades oficiais o cumprimento da respectivas constituições e nos países onde tais direitos não são defendidos que o passem a ser.

Nas imagens divulgadas pela comunicação social sobressaía uma mancha de lilás colorida, de centenas de bandeiras e outros panejamentos e até mesmo das roupas envergadas pelos participantes. Muitas pessoas se terão interrogado da razão de ser da presença desta maravilhosa tonalidade de lilás.




Curiosamente...

Nas muitas pesquisas que se mantêm activas na Oficina das Ideias sobre as mais diversas temáticas encontrámos uma explicação no mínimo curiosa e que aqui partilhamos com os nossos leitores mais interessados nestes pequenos pormenores da vida em sociedade e da cultura das gentes.

A letra hebraica Tzade, letra-simples feminina de cor violeta (lilás?) representa simbolicamente uma âncora” (*)

Lilás a cor do feminino em toda a sua verdade e pujança e, igualmente, o simbolismo da âncora, as mulheres são as âncoras e a segurança da família, dos seres humanos, da própria sociedade, desde tempos imemoriais.





"A Marcha Mundial das Mulheres é um movimento mundial de acções feministas que reúne grupos de mulheres e organizações que atuam para eliminar as causas que originam a pobreza e a violência contra as mulheres. Nós lutamos contra todas as formas de desigualdade e de discriminação sofridas pelas mulheres. Nossos valores e nossas acções visam uma mudança política, económico e social. Os mesmos que se articulam ao redor da mundialização das solidariedades, a igualdade entre mulheres, entre mulheres e homens, e entre os povos, o respeito e a valorização de liderança das mulheres e o fortalecimento das alianças entre mulheres e com os outros movimentos sociais." in Marcha Mundial das Mulheres na Galiza


[*] Sintra Serra Sagrada Capital Espiritual da Europa, de Vítor Manuel Adrião, Editora DinaPress, pág. 91

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sábado, outubro 18, 2008

bagas vermelhas

por entre o verde de diversos cambiantes
destacam-se estas pequenas bagas vemelhas
explosão de cor neste outono meado



Bagas vermelhas arbustivas, Mata dos Medos, Charneca de Caparica, Almada - Portugal

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o barbosa e o jamboree

No pretérito recente, estamos a falar das décadas de 70, 80 e 90 do século passado, as radiocomunicações pessoais eram profusamente utilizadas como meio de contacto entre as pessoas, nas vertentes lúdica, pessoal e de emergência e socorro. A banda de frequências mais utilizada, situava-se no comprimento de onda de 11 metros e era popularmente conhecida como Banda do Cidadão.

O telemóvel não existia ou tinha divulgação restrita e com a Internet o mesmo se passava. Era vulgar cruzarmo-nos com automóveis que tinham colocado no topo do tejadilho uma antena, sinal de que ali viajava um radioperador da Banda do Cidadão. À época estimou-se que uma em cada cem famílias portuguesas tinha em sua casa um emissor-receptor da Banda do Cidadão.

Acontecia com muita frequência após a saída dos empregos estabelecermos contacto com os respectivos lares e, sempre que adequado, tratarmos de assuntos pessoais, inclusive, combinar a hora do jantar...



Numa dessas ocasiões o nosso amigo Barbosa, da estação Rádio CB “Balança”, sempre atento, criou este desenho de que hoje dou pela primeira vez, em mais de vinte e cinco anos, dele publicidade. O Barbosa, além de cebeísta, era chefe escuteiro e recordo-o aqui hoje quando se realiza o 51º Jamboree no Ar (JOTA), actividade que tanto lhe era querida.

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sexta-feira, outubro 17, 2008

milhões de anos...

há milhões de anos o mar aqui chegou
deixou marcas para sua eterna memória
beleza ímpar de tonalidades ocre



Arriba Fóssil da Costa de Caparica, Almada - Portugal

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memorial da montanha da penha

Em plena Montanha da Penha, em Guimarães, a mais de 400 metros de altitude, ergue-se um Memorial a Gago Coutinho e Sacadura Cabral, esculpido num enorme maciço de granito. É a homenagem de diversas escolas e instituições a tão temerários navegadores aéreos.



A grande paixão de gago Coutinho pela navegação aérea leva-o, com todo o seu saber, à invenção de um sextante a utilizar um horizonte artificial de bolha, eficaz para a navegação aérea, onde o horizonte real não é visível. Em 1921 faz as comprovações praticas voando para a Madeira e em 1922, acompanhado por Sacadura Cabral como piloto, voa até ao Brasil, fazendo pela primeira vez a travessia aérea do Atlântico Sul.



Sacadura Cabral morreu prematuramente mas ainda me recordo de cruzar com Gago Coutinho no Chiado, em Lisboa.

Percorre o Chiado com passo lento mas firme. Figura de baixa estatura e magra veste elegantemente de escuro. Talvez se dirija simplesmente para a Brasileira do Chiado para tomar um café e para dois dedos de conversa. É esta a imagem que guardo na minha memória dos 12 ou 13 anos, decorreria o ano de 1956 ou 1957, quando frequentava a Escola Comercial Veiga Beirão, no Largo do Carmo, nas imediações do Chiado, na baixa lisboeta.

Um dia alguém me disse tratar-se de Gago Coutinho.

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quinta-feira, outubro 16, 2008

costa dos doces sonhos

longo areal de sonhos construído
recanto de confidências e segredos
paraíso dos amantes



Praia do Sol, Costa de Caparica, Almada - Portugal

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charneca de caparica de parabéns

A minha Freguesia comemorou recentemente o seu 23º Aniversário. Ausente, em viagem inadiável, escrevi uma saudação que foi lida na respectiva cerimónia solene e que hoje partilho aqui com todos os meus amigos leitores:

No vigésimo terceiro Aniversário da Freguesia de Charneca de Caparica e quando está próxima a passagem do vigésimo segundo em que tomaram posse as mulheres e os homens que por vontade popular foram eleitos para o primeiro mandato dos órgãos executivo e deliberativo da nossa autarquia local SAÚDO A POPULAÇÃO DA CHARNECA DE CAPARICA.

População de origem agricultora e piscatória que tão bem foi sabendo acolher e integrar no passar dos anos gentes vindas das zonas, então, mais carenciadas do País: do Algarve, do Alentejo, das Beiras e de Trás-os-Montes, na procura de trabalho, primeiro sazonal, depois permanente; Depois gentes vindas de Lisboa e arredores na procura de “ar mais puro” e de melhores condições de habitação e trabalho; Mais tarde, ao encontro de melhores condições de vida, gentes vindas de países de língua portuguesa, como Cabo Verde e o do irmão Brasil e, em tempos mais recentes das longínquas estepes eslavas.

População laboriosa que foi republicana antes da Implantação da República, no glorioso dia 5 de Outubro, em Almada 4 de Outubro, que amanhã se comemorará, na defesa dos seus direitos, especialmente, na luta por uma vida mais digna, desenfeudada e livre de dogmas, e que viveu Abril com a intensidade de quem há muito lutava pelos ideais de Liberdade e de Solidariedade.

População que soube trabalhar para transformar e exigir essa transformação ao poder político, local, regional e nacional por forma a que a Charneca de Caparica deixasse de ser um simples local, menos do que uma aldeia, “...aquela charneca descoberta, erma e agreste onde no Verão dardeja o sol implacável, e no Inverno, sopra o sudoeste, ouvindo-se ao longe o rolar das ondas”, como nos deixou escrito Zacarias d’Arça e passasse a ser “um lugar onde dá gosto viver”.

SAÚDO pois, neste solene momento, a POPULAÇÃO de Charneca de Caparica, o seu tecido ASSOCIATIVO, SOCIAL, EMPRESARIAL, de SEGURANÇA e SOCORRO, os actuais membros do EXECUTIVO da Junta de Freguesia e os meus companheiros e camaradas da Assembleia de Freguesia, os autarcas do nosso Concelho de Almada e a MEMÓRIA sempre presente de todos os que nos antecederam.

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quarta-feira, outubro 15, 2008

farol de esposende

firme no seu posto de há séculos
ajuda a navegação na foz do Cávado
o seu facho luminoso é segurança



Farol de Esposende, Esposende - Portugal

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para ti

Coloco letras em carreirinha
Formando palavras soltas e sem sentido.
Depois, são teus olhos de mel
Que nelas encontram a rima.
Poema de madrugar
Na aurora de uma vida.

Coloco sentires nos mares
Formando ondas de paixão e de querer.
Depois, são tuas mãos suaves
Que nelas desenham gotas.
Lágrimas de sal
Tempero de um grande amor.

Coloco sonhos no alvor do dia
Formando luminosa esperança dos sentidos.
Depois são teus afectos e carinho
Que neles dão cor azul.
Espuma do mar
Prenúncio de muito caminhar.

Bebo da vida néctar de eternidade
No sentir do teu corpo doce de mil promessas.
Depois com novas forças novo alento
Vejo a luminosidade de teu ser.
Caminho traçado
No sentido do novo alvorecer.

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terça-feira, outubro 14, 2008

lua de outubro

o firmamento cobriu-se de cinza cetim
para dar destaque à argêntea lua
de outubro, de outonalidades



Luar de Outubro - Lua Cheia a 100% às 20horas e 2 minutos

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mariscar conquilhas

Herdara de seu pai este gosto de mariscar, arrastar o ancinho à custa de muito esforço dos braços e das costas, por forma a que as conquilhas “caíssem” para o saco de rede de pesca de onde não sairiam, enquanto a areia fina se escapava levada pelo refluxo da onda.

Mas era coisa de antepassados, pois também o pai de seu pai e outros homens mais antigos da beira-mar, usando apetrechos que eles próprios construíam, retiravam do mar os deliciosos bivalves que vendiam para as tascas da terra, hoje em dia para restaurantes afamados.

Mas se ir à praia mariscar é herança de família, já o saber, como e quando, é fruto da aprendizagem da vida, dos tempos passados nesta labuta, a cada dia com os seus ensinamentos, aprendendo com as desilusões, tantas vezes à conversa com o mar azul e verde, em confidências e desabafos.

Naquela noite o ti Jaquim da Eira, sabe-se lá se próprio nome ou alcunha, ou alcunha de antepassado transformada em nome, na certeza de que havia aqui um forte laço entre as gentes dos campos e as das maresias, procurou ler com a dificuldade da letra miudinha e da parca iluminação o livrinho das marés. Noutros tempos, livrinho para informação dos pescadores, hoje mais voltado para os interesses dos surfistas.

Pela hora da maré vaza do dia seguinte e pela altura das ondas ficou a saber que se queria que a apanha da conquilha lhe fosse favorável teria que madrugar e fazer-se ao caminho antes do sol nascer, Descida das Vacas abaixo na ida até ao Grande Areal. Gostava de “arrastar” entre as praias do Infante e da Nova Vaga ou então para lá da Bela Vista.

Dormiu pouco nessa noite. Mal tinha caído no primeiro sono, o mais profundo, e já labutava com o arrasto que lhe parecia mais pesado do que nunca. Arrastava, arrastava sem parar até já lhe doerem as cruzes e o peso era cada vez maior. No lugar das conquilhas que iria vender ao restaurante habitual o saco de rede estava cheio de pepitas doiradas. Os fenícios e romanos bem razão tinham em procurar áureos filões em terras da Adiça. Seis horas da matina, hora de se fazer ao caminho.

Equipou-se a preceito que a água estava com certeza gelada e teria que passar algumas horas com as pernas nela mergulhadas. Camisola de lã grossa obra de noites de trabalho da sua companheira, calças de oleado amarelo e casacão do mesmo material. As botas de borracha de cano alto, as galochas, levá-las-ia penduradas ao ombro e somente as calçaria chegado ao areal, pois não era muito prático de as levar calçadas pois ia levar a bicicleta que lhe facilitaria a deslocação. Na cabeça gorro posto que o protegeria do frio e, mais tarde, quando o sol levantasse, do calor.

Foi rápida a deslocação, caminho sempre a descer até à praia. Mais logo no regresso seria mais difícil. Em algum pedaço do percurso teria que ser ele próprio a ajudar a bicicleta, pois as pernas já não tinham força para tanto e a subida de regresso ao povoado muito íngreme.

Chegado ao Grande Areal o ti Jaquim, o ti Jaquim da Eira, deitou a bicicleta na areia, longe de onde a maré cheia iria chegar e calçou as galochas. Bem protegido contra a frieza das águas, antes de começar a labuta olhou em seu redor e não viu vivalma. O sol ainda não surgira sequer no topo da arriba fóssil.

Arrasto após arrasto, dentro do saco de rede do aparelho iam sobrando alguns bivalves à mistura com muita escória de conchas partidas pelo bater das ondas. Deixou-se ficar no arrasto com a água um pouco mais abaixo do joelho, onde ainda era fácil caminhar e os dentes do ancinho não encontravam muita resistência da areia.

Com o lento encher da maré também o ti Jaquim ia recuando no areal, mantendo a água à mesma altura na perna, embora por vezes uma onda mais forte batesse ríspida deixando a espuma branca a bailar a seus pés.

Quando o saco já pesava na direcção da areia retirou-o do mar deixando que se escapasse pela malha de rede a água, a areia e alguns pedaços mais pequenos das conchas partidas. Depois junto à bicicleta caída na areia sentou-se na escolha das conquilhas pondo para o lado todos os restos de conchas. As escolhidas foram colocadas dentro de um recipiente com água do mar para assim se conservarem vivas.

E lá voltou o ti Jaquim de novo para o arrasto, lento e cada vez mais doloroso que as costas de ancião já não tinham a resistência de antigamente. Por duas ou três vezes repetiu a escolha das conquilhas e o regresso ao arrasto.

Já o sol levantava vindo do cimo da arriba fóssil que refulgia em tons doirados quando o ti Jaquim deu por terminada a sua matinal tarefa. Reparou, então, na tranquilidade da manhã, nas dezenas de gaivotas que o rodeavam, quase o considerando “um dos seus”. O velho ancião de cabelos esbranquiçados que ao reflexo do astro-rei pareciam prata sorriu.

O regresso iria ser penoso, depois de percorrer algumas centenas de metros em terra batida esperava-o um íngreme declive onde a ajuda da bicicleta iria ser nula. Teria de ser ele a ajudar a bicicleta.

Consigo levava a esperança de juntar aos seus magros rendimentos dos trabalhos do campo mais algum dinheiro fruto da venda das conquilhas ao restaurante do costume.

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segunda-feira, outubro 13, 2008

medronheiro

de cores vivas, o sol no jardim
são saborosos, sabor da serra
alegram o coração e o espírito




Medronheiro dos jardins da Aldeia Lar, Sobreda, Almada - Portugal

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madrugar

Quando a noite chegou ao fim
E foi madrugada,
Pousei meus olhos em teus lábios
De carmim.
E da minha mente cansada
Brotaram sábios pensamentos.

Sem palavras entendi teu ser,
Beijei teu rosto docemente
E com a loucura que nos dá
O muito querer,
Beijei teus olhos, tua boca,
Teu corpo meigo e fremente.

Nossos seres se uniram
Em doce enleio.
Senti teu peito ardente
Em profundo respirar.
Desejámos estar assim eternamente,
Mas logo findou o madrugar.

Foi alvorada.
O sol alevantou o seu esplendor.
Sentimos a força de estar juntos
Perante o mundo hostil,
Máquinas, ruído, poluição,
Que já não entende o amor.

Lado a lado caminhamos o futuro.

E com sol a pino
Do dia meado,
Amadurecemos ideais na noite concebidos.

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domingo, outubro 12, 2008

...a paixão de uma mulher

uma flor?
uma borboleta?
não, faz parte da minha paixão




Flor minúscula da Mata dos Medos, Charneca de Caparica, Almada - Portugal

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conchas do mar azul

Tantas vezes já percorri o areal desta praia tão bela e sempre encontro diferentes conchas de bivalves que o mar, maré depois de maré, teima em vir ofertar a quem dele se abeira, caminhando naquela franja em que a espuma remata o contacto com o doirado, bordando imagens de rara beleza.

É no tempo da viragem da maré que as ofertas são em maior número, também as maiores pois o mar arrasta-as com a sua energia e logo recua de mansinho deixando-as depositadas na doirada areia. Quando as ondas já são mais fortes é a altura de enrolar a bela toalha onde as conchas foram expostas e guardá-la nas profundezas das águas, onde a claridade do sol já tem dificuldade em chegar.

Mas na maré seguinte o ciclo se repete. Até que a curiosidade do menino ou o gosto estético do mais idoso aceite esta dádiva para alegria do mar eternamente azul que em tons de verde e de lilás festeja este feliz momento. Ao ouvido mais atento chega aquele doce murmurar das cristalinas águas que tanto haviam caminhado para se doirarem no areal.

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sábado, outubro 11, 2008

gaivotas na ponta da areia

tranquilamente poisadas
observam as águas que passam
desde a nascente até à foz




Gaivotas no areal de Fão, Esposende - Portugal

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luzes da maresia 1

Racham o breu na noite com um facho luminoso cuja cor leva um recado, um alerta, orientação. Uma luz que parece vir do nada e à origem se recolhe logo de seguida mas que salva o mestre marinheiro mais a companha de se despedaçarem contra um rochedo traiçoeiro. Em noites de neblina o som choroso de uma trompa de ar comprimido, conhecida localmente por “a ronca”, substitui a acção da luminária. São os faróis e lanternas da portuguesa costa atlântica.


Farol de Esposende

Ergue-se no Forte da Barra, na foz do rio Cávado, em Esposende, e foi inaugurado em 1866. Foi construído junto ao Forte de São João Baptista, também conhecido por Castelo de São João Baptista ou Forte de Esposende.



É um dos raros faróis portugueses instalado numa torre metálica. Tem 15 metros de altura e o seu alcance luminoso é de 24 milhas náuticas.



Do largo envolvente do Farol de Esposende, com o oceano à vista observam-se perfeitamente os designados “cavalos de Fão”.





Saber mais:
Wikipedia
Associação Nacional de Cruzeiros
Faróis de Portugal de Maria Regina Louro e João Francisco Vilhena, edição da Gradiva

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sexta-feira, outubro 10, 2008

uma flor para... a catarina

para ti minha amiga que bem mereces
a alegria da cor desta vermelha rosa
neste dia muito especial




A Catarina é uma querida amiga que merece receber mil rosas vermelhas

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